Quem disse que o teatro não faz a boa concorrência com a internet e os games?
Com televisão, internet e games, a vida real entrou numa competição acirrada na tentativa de entreter as crianças. Mesmo assim, por mais que a maioria reclame dos efeitos do mundo moderno, há coisas que não mudam. O teatro infantil, por exemplo, ainda encanta.
Em Campo Grande, as produções locais continuam, mesmo com poucos recursos de produção e fazem os olhos dos pequenos brilharem diante de simples figurinos e cenários modestos. O que vale é a imaginação sobre os personagens, seja um elefante de pano ou um mágico em um falso picadeiro.
Os amigos Pedro Cabreira, de 6 anos, Diego e Ana Beatriz, ambos de 5 anos, assistem fascinados a apresentação da peça “Sapo Encantado e outras histórias”. Os alunos que estudam em uma escola particular da cidade, já estão habituados a ir ao teatro por incentivo do colégio.
Durante a peça, os três colegas são pura empolgação, entre gritos e risadas altas. Depois de assistirem ao espetáculo, a diversão na internet ou na TV já não pareciam prioridades.
As fantasias e a interação com o público são o motivo da alegria de Ana. “A TV não brinca com a gente”, diz com sabedoria a menina.
“Será que é de verdade?”, pergunta Pedro durante a apresentação. Mas o questionamento não é exclusivo do menino.
Milena Almeida, de 7 anos, até no palco subiu. Se ofereceu para participar de uma das cenas da montagem e, claro, adorou. Mesmo tímida, topou fazer uma pequena participação.
A garota conta que já não tem mais dedos para indicar quantas vezes foi ao teatro só neste ano. “Eu gosto de teatro, e sempre venho assistir. Não gosto de TV, se não venho aqui, fico em casa brincando com o cachorro”, um relato que parece destoar do que se ouve por aí.
Dois dos responsáveis por tanta alegria são os atores Amélia Rocha, 52 anos, e Jair de Oliveira, de 50 anos, do grupo teatral “Unicórnio”. A dedicação em uma área pouco prestigiada por patrocinadores, é recompensada com a reação de quem senta na platéia.
Jair acredita que as crianças de hoje são mais espertas e que montar o espetáculo se tornou uma tarefa mais difícil, já que antigamente as peças alcançavam os adolescentes de até 14 anos. "Hoje o público de teatro infantil não chega aos 10 anos de idade", conta.
Para o ator, a explicação lógica é o avanço tecnológico que acaba deixando as crianças maduras, ou com mais conhecimento sobre certos assuntos que antes não eram tão explicitos a elas. Por conta disso, temas como separação e morte já começam a entrar na trama.
Jair brinca que o pior é a transparência da meninada. “O adulto é diferente, a peça pode não ter agradado, mas fica até o fim e bate palma,. Já a criança é sincera e espontânea”, justifica.
Amélia concorda. “Criança quando gosta, fica concentrada. Quando não gosta começa a pedir água, para ir ao banheiro, dá um jeito de sair dali”.
Aos que duvidam da força de uma peça infantil, esta semana a cidade tem o Festival Boca de Cena, que homenageia o teatro com peças adultas, mas também infantis. Veja a programação para a garotada.
Dia 26 de março – terça-feira
A Princesa Engasgada - Teatral Grupo de Risco
10 horas - Rua Barão do Rio Branco
(Classificação: Livre)
Pluft, o fantasminha - Ong Arte Viva Serra da Bodoquena (Jardim)
15 horas – Teatro Aracy Balabanian
(Classificação: Livre)
Dia 27 de março – quarta-feira
O Rei que não sabia rir - Grupo Identidade Teatral
15 horas – Teatro Aracy Balabanian
(Classificação: Livre)
Dia 28 de março – quinta-feira
De Palhaço e Lobo todo Mundo tem um pouco - Arte e Riso Cia de Animação
15 horas – Teatro Aracy Balabanian
(Classificação: Livre)
Serviço – O teatro Aracy Balabanian fica na rua 26 de Agosto, 453, entre as ruas 14 de Julho e Calógeras. O Circo do Mato está localizado na rua Tonico de Carvalho, 263, Bairro Amambai.
Outras informações podem ser obtidas no Núcleo de Teatro da FCMS, pelo telefone 3316-9171.