Resistentes na arte, surpreende o número de mágicos e ilusionistas por aqui
É a curisiodade e o brilho nos olhos de quem assiste que incentivam mágicos e ilusionistas na profissão. Durante um espetáculo em Campo Grande, onde poucos se conheciam, o clima é de amável convivência. O surpreendente é que na cidade há mais profissionais nessa arte do que se imagina e eles juram que o mercado da alegria é promissor.
Na arte das ilusões, Max Hazy é mentalista. Usa a psicologia comportamental para tentar desvendar e influenciar pessoas através da hipnose. Geralmente, se apresenta para adultos, mas mostra a mágica para as crianças com ilusionismo clássico no aparecimento e desaparecimento de cartas, moedas e lenços, por exemplo.
Atualmente, trabalhando como sargento militar, conta que começou na profissão de ilusionista aos 12 anos. "Vi uma apresentação na TV e ganhei um kit de mágica da minha mãe. Depois, conheci um mágico na escola. Enquanto todo mundo pedia para ele dizer como fazia, eu mostrei minhas habilidades e pedi para ele me ajudar a ser um mágico", recorda.
Natural de Recife, mora em Campo Grande há quatro anos. Aqui, diz que viu um mercado de oportunidades por conta das festas e comemorações. "Fiquei um tempo parado e estou retornando profissionalmente agora. E realmente há mercado. Vejo vários interesses dos clientes, principalmente, em festa de criança. Tudo vai depender do público. Fiz shows na Bahia e em Recife, agora é a vez de recomeçar por aqui", diz.
Para Thiper, de 28 anos, que é ilusionista desde os 16, a mágica é satisfação em ver um sorriso sincero. Hoje, trabalha com desenvolvimento de sites e nas horas vagas investe nos treinos. "As pessoas pensam que não, mas o mercado vem crescendo. Veja que inicialmente éramos só em quatro mágicos e agora temos oito na cidade, isso é muito bacana. E claro, além do trabalho, pra mim é importante o encantamento que gera e a capacidade da mágica em impulsionar emoções".
Mas antes de falar em oportunidades, quem tem anos de experiência explica os motivos de poucas apresentações. Aos 78 anos, Tabajara Duarte da Silva é rosto conhecido na cidade. Se recuperando de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), que sofreu há quatro meses, hoje, as apresentações são cada vez mais difíceis. Mas ele dá dicas a quem está começando e garante que há chances.
"Esse mercado não vai acabar nunca. É o mercado do sorriso e tem jovens começando, a diferença é que há oportunidades, mas não tem profissionais. É preciso ser um mágico de verdade. E como fazer isso? Ensaio, ensaio e muito ensaio. Essa arte é preciso gostar e fazer com vontade", diz.
É o que também ensina o especialista em sorrisos, Bruno Maddalena, de 51 anos, conhecido como Palhaço Dentinho. Quando sobe ao palco, impossível segurar o riso. Com misto de bom humor e truques, Dentinho vai impressionando o público infantil a cada objeto que faz surgir da cartola, habilidade que, segundo ele, precisa vir do coração.
"Minha especialidade são as crianças. Eu me assumo um palhaço que gosta de fazer mágicas. Então, para ser mágico, é preciso ter paixão, encantamento e muito treinamento. Depois, para conquistar esse público, a resposta é sensibilidade. Eu que sou pai, fazia apresentações para meus filhos e vejo que é importante uma postura diferente. Criança acredita em tudo e as vezes sente medo, então é preciso treinamento e cuidado para que as apresentações sejam de puro encanto e alegria", ensina.
Dentinho é italiano, chegou ao Brasil há 30 anos, quanto teve a oportunidade de participar de um programa de voluntariado no Hospital São Julião. Com experiência de animador de festas, aqui usou a ferramenta da mágica para divertir as pessoas. Hoje, é encarregado de manutenção no hospital. Sempre que pode, faz atividades voluntárias para levar mais alegria aos pacientes.
Nas horas vagas, é o Palhaço Dentinho que entra em ação para divertir a cidade. "Aqui tem um mercado grande das festas de aniversário. E mais do que um animador, o mágico e o palhaço são artistas. Então, acredito que se tivesse três ou quatro Dentinhos, haveria trabalho para todos. Alegria não para".
Impressionar, encantar e, principalmente, emocionar o público são desafios de todo ilusionista, mas para quem está começando, a luta é pelo reconhecimento da atividade como profissão.
A mais nova entre eles é Layana Araujo, de 16 anos. Ela começou aos 14 por incentivo do pai Tabajara. Ele quem ensinou a maioria do truques e hoje Layana já sonha viajar o mundo com a mágica.
"Meu pai daqui uns anos pretende se aposentar e eu quero continuar a carreira dele, que é tão bonita. Quero viajar para vários países. Mas é importante que entendam que nós enxergamos isso como uma profissão. Alguns olham pra gente só como diversão, principalmente, pra quem está chegando agora e está buscando um espaço no mercado", diz.