Sem apoio, Circo do Mato faz vaquinha para não fechar as portas
O espaço está sem funcionar há mais de dois meses por conta da pandemia do coronavírus e artistas pedem ajuda para arcar despesas
Para não fechar as portas de forma definitiva, o Circo do Mato está com uma vaquinha on-line aberta na intenção de arrecadar dinheiro e arcar com as despesas do espaço, em Campo Grande. O local fica no bairro Amambaí e está sem funcionar há mais de dois meses, desde que a pandemia do coronavírus chegou à cidade.
“Estamos fazendo a vaquinha, tentando levantar recursos para ver se conseguimos manter o espaço e pagar os próximos aluguéis. Esse último, resolvemos entre nós mesmos e ainda tinha um pouco de caixa, mas a vaquinha é para os próximos meses”, diz Mauro Guimaraes, um dos fundadores do Circo do Mato.
O Circo do Mato tem 15 anos de história, é formado por um grupo de Artes Cênicas, que realiza espetáculos de teatro e circo. Além disso, também faz intervenções artísticas em festas, eventos e conta com oficinas de circo.
O grupo conta com programações para adultos e crianças, já se apresentou em diversos palcos, e há dez anos também promove a “Pantalhaços - Mostra de Palhaços do Pantanal” em parceria com o grupo Flor e Espinho Teatro, que reúne artistas regionais e internacionais com o objetivo de fortalecer a arte do palhaço.
No entanto, desde março deste ano, o circo interrompeu as programações por conta do isolamento social para evitar a propagação o coronavírus na cidade. Sem realizar eventos, o espaço não teve mais entrada de caixa, sendo assim, fica difícil arcar com as despesas mensais do local.
Conforme Mauro, no início da pandemia, o Circo do Mato procurou a Sectur (Secretaria de Cultura e Turismo) e até mesmo a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, em busca de suporte, porém sem sucesso. “O que a gente tentou, foi um edital emergencial, mas não deu certo nem com o governo do Estado, nem com a prefeitura”.
“A gente vem cobrando o poder público em relação aos ‘teatros de bolsos’ e salas que comportam os expectadores, pois esses vão demorar mais para abrir porque, mesmo após a pandemia, têm que se adaptar a um monte de coisas”, afirma.
Mauro comenta que nos últimos anos, os “teatros de bolso” - que são espaços físicos de teatro com capacidade para cerca de 50 pessoas na plateia e conta com estrutura própria de equipamentos de som, iluminação, projeção e outros - que mais recebem espetáculos. “Porque o Teatro Aracy Balabanian está há seis anos, o Teatro do Paço há quase 30, do Sesc também está fechado. Não tem teatro para se apresentar e os ‘teatros de bolso’ vem cumprindo esse papel”.
Sem conseguir o apoio da Sectur e da Fundação de Cultura, a esperança é o Projeto de Lei Aldir Blanc, nº 1075/2020, sobre ações emergenciais destinadas ao setor cultural a serem adotadas durante o estado de calamidade pública, provocado pela pandemia. A proposta já foi aprovada no congresso nacional, mas ainda não foi sancionada pelo Presidente da República.
O projeto prevê o repasse de R$ 3 bilhões ao setor cultural nesse período de crise. Se sancionada, o recurso deve ser repassado aos estados e municípios. “São três pontos, o pagamento de R$ 600,00 para os artistas, a manutenção dos espaços que é o que a gente vem falando, além de criar ações com editais. Contudo, esse valor até chegar aqui vai demorar e em 90 dias, esses espaços [teatrais] não aguentam”.
“A estrutura do Circo do Mato foi construída nos últimos 15 anos. Não é só alugar o espaço, tem que adaptar, entra iluminação, climatização, arquibancada, banheiros é algo construído durante anos, mas que em dois ou três meses, pode perder tudo. Se a gente entrega o espaço e no ano que vem alugar outro, teremos que começar tudo de novo”, explica.
Por isso, pensando em todos os pontos, o Circo do Mato resolveu fazer uma vaquinha on-line. A meta é arrecadar R$ 9 mil e a quantia será destinada apenas a manutenção do local. “Só para o espaço, aluguel, IPTU , água, luz, internet, segurança”, destaca Mauro.
Questionado sobre como fica a situação das nove pessoas que fazem parte da equipe do circo, ele diz. “Desde a crise de 2013 que passa o setor cultural e a falta de políticas públicas, optamos em ir para sala de aula. Hoje, todos têm uma atividade paralela ao Circo do Mato, daí vem nosso sustento, mas a sustentabilidade do espaço depende dele mesmo”.
Até o momento, apenas 20 apoiadores abraçaram à causa e fizeram as doações para colaborar com as arrecadações. Aqueles que puderem e quiserem, também pode contribuir clicando neste link.
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