Universitários batalham para levar cinema à periferia, apesar de sessão vazia
A próxima sessão de cinema gratuito será dia 7 de outubro na Aldeia Urbana Marçal de Souza
O fim de tarde de ontem teve muita espera, mas sem perder a esperança. Alunos e professores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul aguardavam moradores da Comunidade Tia Eva para a terceira sessão do "Cinema no Bairro: A cidade e suas diferenças". A iniciativa propõe o cinema como arte acessível a todos, um meio para levantar questões relevantes que envolvem o cotidiano da comunidade. Mas dessa vez, ninguém compareceu.
No galpão, que abriga o centro comunitário, o grupo improvisou o cinema gratuito. Tinha telão, cadeiras e brindes para sorteio. Sem ninguém para assistir, restou aos alunos refletirem sobre alternativas para ganhar o público na quarta e última sessão do projeto, prevista para o dia 7 de outubro em Campo Grande.
O Cinema no Bairro é a transformação de um projeto audiovisual da universidade que começou pelos professores doutores em Ciências Sociais, Guilherme Passamani e Tiago Duque. Ao perceberam a necessidade de um diálogo com pessoas distantes do ambiente universitário, o projeto ganhou extensão que traz as ideias e as lutas sociais e culturais, incluídas no contexto das diferenças.
Apesar da ausência do sábado, o grupo não deixou de comemorar a primeira e segunda sessão que tiveram a presença de alguns moradores.
"Nós tínhamos as Quartas do Cinema, um outro projeto que tinha participação massiva da comunidade. Então percebemos a necessidade de ir para outro lugar, ouvir outras pessoas e em regiões com diferenças muito marcantes, por isso escolhemos a Comunidade Tia Eva e Aldeia Urbana Marçal de Souza".
O projeto é voltado aos adultos. Mas as crianças que quiserem, podem assistir à vontade. Depois que cada curta-metragem é exibido, há um debate que envolve questões bem contemporâneas como preconceito, carência, periferia e cultura da comunidade.
"É discutir com eles temas que são relevante e ter um olhar da cidade por outro ângulo. Com o filme encontramos um meio de tentar ouvir o que elas tem a dizer e romper com o olhar de que a periferia é algo distante, violento e desorganizado", explica o professor Guilherme.
O cinema também surge para equilibrar as discussões sem deixar que o debate pareça uma imposição. Ali, pessoas tiram coisas de dentro delas que até então ninguém ouvia. "Muito mais do que levar questões acadêmicas, a proposta é estabelecer um diálogo com essas pessoas e mostrar que existem outras compreendendo a situação delas", pontua Tiago.
Dispostos a continuar levando cultura e uma boa conversa com moradores da periferia, a quarta exibição continua de pé, dos documentários "Procurando Marçal" e "Mucamas". Quem quiser comparecer, o evento será no próximo sábado na Aldeia Marçal de Souza, no bairro Tiradentes das 17h às 20h. A entrada é gratuita.
Curta o Lado B no Facebook e no Instagram.