“Caiu na folia? Jesus veio te resgatar” é fala de pastor na “orgia” do Carnaval
Imagine você, folião, recebendo este recado no meio do Carnaval de rua?
A camiseta não era de abadá e sim do uniforme de quem saiu às ruas do Carnaval para resgatar almas. O Lado B encontrou grupo de mais ou menos 30 jovens entre pastores líderes e obreiros, que entraram na folia para evangelizar. De mão em mão eles entregavam o panfleto "Caiu na folia? Jesus veio te resgatar". O recado era uma tentativa de levar para a Igreja Evangélica Resgatando almas para Cristo, no bairro Aero Rancho, em Campo Grande o que os religiosos classificam como pessoas que precisam da salvação.
"Estamos evangelizando e mandando panfleto no jovem até porque a gente reconhece e sabe o que é uma vida nas mãos do inferno e sabemos a importância que é trazê-la para o reino de Deus", diz o pastor Liniker Rocha.
Eles saíram do bairro Aero Rancho e formaram um "QG" na Rua 14 de Julho, de onde partem rumo à Esplanada Ferroviária e, também, se encontram no fim da atividade, para louvar a Deus. Aos olhos do grupo evangélico, o Carnaval de Campo Grande esbarra na orgia e nem chega perto da cultura que a maior festa popular do País carrega, além de poder ser palco para protestos e expressões artísticas.
"A gente vê como uma orgia. Um mal que tem acontecido, onde os jovens se sentem livres para fazer o que para eles é bom, mas a gente sabe o malefício. 'Malemá' chegamos e já tinha gente desmaiando, passando bêbada, a gente ora e estende a mão, porque vemos o prejuízo que isso causa na vida das pessoas", prega Liniker. Para ele, a alegria fica na rua e a tristeza acompanha o folião quando ele "cai em si. "Chega em casa e se pergunta: 'o que que eu estou fazendo com a minha vida?'"
A evangelização começou no sábado e despertou as mais diversas reações no público. Há quem tenha posado junto do grupo com o panfleto em mãos como se aquela fosse mais uma fantasia qualquer de Carnaval, como também quem agradeceu. "Aqueles que aceitam e dizem: 'rapaz, meu Deus, não acredito que vocês estão fazendo isso aqui dentro', como também quem quer bater de frente. A gente não vai brigar, só fala 'fica em paz'", explica Liniker.
Tanto para quem recebe o folheto quanto para quem entrevista, o pastor usa da Bíblia para contextualizar o porquê de estarem ali. "Por que não estaríamos? Se Jesus veio salvar quem está perdido? A gente crê na recompensa que vem de Deus".
O panfleto tem o endereço e a informação de que a igreja está aberta todos os dias. "Lá a gente tem mais tempo para abraçar essa pessoa, porque precisa ter hospitalidade. Aqui, devido à correria e o tumulto, acaba que não temos liberdade para falar, mas o convite está feito", completa Liniker.
Porta-voz do grupo, o pastor não vê idade para público-alvo, assim como não existe para a "salvação". Nas palavras dele, "desde mamando a caducando, todos têm importância no reino de Deus e uma alma vale mais que o reino inteiro, esse é o nosso objetivo".
Longe de parecer doutrinação, o tempo em que o Lado B acompanhou a entrega de panfletos viu apenas a comunicação de uma mensagem. Não teve "crente" julgando nem pregando em meio ao bloco. "Caso a pessoa queira saber mais, e estiver disposta a ouvir, estamos aqui. A gente crê na transformação, até porque nós que estamos aqui hoje já fomos alcançados pela mão de Deus um dia e estávamos fazendo o que essas pessoas estão tendo hoje. Quem está aqui hoje pode amanhã estar dentro da igreja dando fruto para a glória de Deus".
Eles pretendem seguir a evangelização durante todo o período de folia. Ao contrário do que diz um meme já conhecido nas redes sociais nesta época: "Carnaval é bom pra todo mundo. Os foliões vão para a folia. Os crentes vão para o retiro. Os nerds vão para a Netflix... Saravá para quem é de saravá, aleluia para quem é de aleluia".
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