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Comportamento

"Rolezinho" é movimento passageiro e mira o preconceito, diz sociólogo

Luciana Brazil | 20/01/2014 17:12
Shopping Campo Grande pode ser alvo do "rolezinho" no próximo domingo (Foto: Angela Kempfer/Arquivo)
Shopping Campo Grande pode ser alvo do "rolezinho" no próximo domingo (Foto: Angela Kempfer/Arquivo)

Polêmico, o fenômeno “rolezinho” despertou nos últimos dias em todo país uma discussão delicada. Como lidar com o movimento sem desrespeitar o desconhecido passou a ser, de fato, um questionamento pertinente.

Para o sociólogo Paulo Cabral, o “rolezinho”, assim como as manifestações da classe média em junho do ano passado em todo país, é um movimento passageiro. Na Capital, o primeiro "rolezinho" deverá ocorrer no próximo domingo, a partir das 16h, no Shopping Campo Grande.

“É um movimento insatisfatório e quando a gente coloca pra fora aquilo que queremos manifestar, reclamar, a gente se sente melhor e segue a vida. É passageiro como as manifestações em junho do ano passado. É um fenômeno localizado”, justificou o sociólogo.

Cabral concorda que o novo movimento nascido nas redes sociais e que já mobiliza a sociedade “não é caso de polícia”, como disse o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em entrevista ao programa Fantástico da Rede Globo.

Porém, ele alerta que, assim como qualquer outra aglomeração, o “rolezinho” deve ser monitorado pela segurança pública para evitar problemas de ordem. “Sempre que acontecem aglomerações, seja ela pelo motivo que for, e em qualquer lugar, deve haver o monitoramento, o cuidado da polícia, porque pode haver o descontrole. O monitoramento inibe os excessos”.

Segundo ele, podem ter vândalos infiltrados em qualquer tipo de manifestação.

Mobilizando de forma consistente a sociedade, o movimento provoca e interfere na “ordem” dos lugares. “A ordem é ‘justa’ enquanto cada um está no seu lugar. Mas quando um tenta ocupar o lugar do outro é que acontece o problema”.

No imaginário, as pessoas já concretizam o “rolezinho”, explicou. “Se as pessoas imaginam que serão atacadas por um menino da periferia e já pensam no estereótipo, isso causa questionamento de suas posições”, explica.

Apesar de o preconceito ser incessantemente questionado, o sociólogo garante que o medo e a preocupação são “compreensíveis”. “As pessoas se sentem ameaçadas pelo desconhecido. Os lojistas estão com medo de um arrastão e os consumidores com medo de uma agressão, de um ataque”, argumenta.

“O estereótipo dos jovens é a imagem de uma pessoa que alguém chamou de ‘perverso’. O oposto do mauricinho, da patricinha e isso choca o chique”.

Justificando o imaginário como o motivador, muitas vezes, para o preconceito, Cabral diz que “o movimento já aconteceu aqui porque as pessoas já estão se mobilizando”. "A partir do momento que as pessoas se mobilizam isso já faz parte do imaginário".

O que não pode deixar de ser lembrado, mais uma vez, é a força das redes sociais, seja no momento de unir uma classe, como na hora de disseminar manifestos. “O ‘rolezinho’ provoca uma discussão, incomoda, e as redes sociais servem de palco”.

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