14 de Julho é memória de quem lutou contra os nazistas na Itália
Foi nessa rua que Arnaldo dedicou o fim de sua vida a compartilhar histórias na Banca dos Pracinhas
Tempos depois de ter lutado na 2ª Guerra Mundial, Arnaldo Serra Rodrigues de Lima deixou sua história marcada na Rua 14 de Julho durante seus últimos dez anos de vida. Foi ali, na antiga Banca dos Pracinhas, que dedicou sua rotina e transformou a via em uma extensão do lar. A importância da rua foi tão grande para a família que até hoje as filhas seguem apaixonadas pelo espaço que se tornou o quintal de casa.
Iza Olmos Rodrigues de Lima nasceu quando o pai já tinha mais de 60 anos e conseguiu aproveitar relativamente pouco do antigo pracinha. Mesmo assim, guarda as memórias criadas em conjunto às irmãs e segue homenageando o militar para não abandonar o que ficou do pai.
“Como técnico em engenharia militar, ele lutou nos campos da Itália, em Monte Castelo, durante a Segunda Guerra Mundial, combatendo o nazifascismo. Servindo inicialmente em Aquidauana, foi convocado para a guerra e combateu o país”, explica a jornalista.
Depois da guerra, já em 1975, o pai precisou ser reformado como subtenente devido a uma cirurgia de aneurisma. Mas, para além da guerra, seu Arnaldo foi contador, contista, escritor e até professor de reforço da língua latina.
E, pensando sobre sua trajetória, apesar dos feitos militares, a filha destaca que o carinho pela família e a dedicação à banca de revistas é o que realmente marcou.
“Ali (na 14 de Julho), ele encontrou felicidade e construiu laços fortes com o centro de Campo Grande, sempre cercado de amigos de longa data. A banca foi muito mais do que um trabalho, foi uma extensão da nossa casa e um lugar de memórias valiosas”.
A Banca dos Pracinhas foi aberta nos anos de 1980 e Arnaldo começou a trabalhar por ali para ajudar sua esposa, que era a proprietária do espaço. No contato diário, sua parte favorita era conversar, contar as histórias e criar novos amigos.
Com todo esse gosto da família pela rua, as filhas viram seu crescimento se mesclar com o desenvolvimento da 14 e da Afonso Pena. “Minha infância e a das minhas irmãs foram passadas ao redor da rua e da praça Ary Coelho. A rua era o cenário de brincadeiras, de momentos em família e meu pai estava sempre ali, rodeado de amigos e clientes”.
Nos momentos compartilhados com o pai, Iza foi construindo aquilo que ficaria do antigo pracinha. Mesmo tendo perdido o militar quando ainda era nova, ela conta sobre a disciplina, o humor, seu cheiro e sorriso “raro” e das brincadeiras únicas.
“Ele sempre fez o máximo para nos proporcionar conforto, e a banca foi o símbolo dessa dedicação. As melhores memórias que tenho são de vê-lo na banca, recebendo os amigos e clientes, e da nossa convivência ali, naquele espaço que ele transformou em um lugar tão acolhedor para todos nós”.
Arnaldo ainda deixou o sonho de ver suas obras literárias editadas, algo que acabou não se realizando. Iza explica que ele as iniciou em Campo Grande, por volta de 1957. Antes já tinha escrito os contos “Didi Dormia, Decerto Sonhava”, “O Vento Humano” e “Zé Boiadeiro”.
“Desde 1959, começou a biografia de seu pai, com o título “João Bento – Líder de Massas” e o romance “Entre o Ego e o Fadário, dividido em duas partes “Cantão X Comandocaia e Vento Humano””, completa a filha.
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