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Comportamento

Amizade entre vizinhos vira tatuagem para ninguém esquecer o café do outro

Como é a sua relação com os vizinhos? É barraco e briga ou você entra na casa do outro sem bater para tomar café?

Thailla Torres | 13/01/2020 07:15
Márcia, Flávia, Gabriel, Rafaely, Fábio e Jaqueline eternizaram na pele o cafezinho que não pode faltar na amizade. (Foto: Marcos Maluf)
Márcia, Flávia, Gabriel, Rafaely, Fábio e Jaqueline eternizaram na pele o cafezinho que não pode faltar na amizade. (Foto: Marcos Maluf)

Imagine uma relação entre vizinhos que certamente daria briga, mas deu certo. Um entra na casa do outro com chave, divide o cafezinho três vezes ao dia, grita o nome do vizinho a metros de distância da casa, bate palma bem forte e cumprimenta com abraço mesmo quando está aquele calorão na cozinha por causa do forno ligado. Esse é só o começo da relação entre dois moradores que acabou virando “caso de família” digno de orgulho e tatuagem entre seis amigos.

Quem acompanha o jornalista e cerimonialista Fábio Pinheiro, 26 anos, no Instagram certamente já ouviu sobre Márcia Cristina Pereira de Souza, 56 anos, dona de casa e mãe de três filhas que também viraram amigas de Fábio. Nessa relação, ele ainda arrastou o primo Gabriel Benites, 25 anos, com quem divide casa para ser amigo das vizinhas e descobrir que é possível ter uma nova família com a vizinhança.

Xícara de café tem tudo a ver com a história do grupo. (Foto: Marcos Maluf)
Xícara de café tem tudo a ver com a história do grupo. (Foto: Marcos Maluf)
Márcia é a vizinha querida que ganhou mais que amigos. (Foto: Marcos Maluf)
Márcia é a vizinha querida que ganhou mais que amigos. (Foto: Marcos Maluf)

“Tudo começou quando eu fiz amizade com uma das filhas dela, Rafaely, na academia. Em seguida, quando eu precisei ir para o Carnaval e não tinha com quem deixar o meu cachorro, conheci a Márcia e ali começou uma amizade”, lembra Fábio.

Há um ano, essa é a rotina do grupo que se autointitula “família”, composto por seis pessoas que moram na mesma rua. “Tomamos cafezinho na casa da Márcia pelo menos três vezes ao dia e até a chave do portão dela eu tenho. Além disso, vamos ao supermercado juntos, cozinhamos juntos e ela reserva um cantinho especial da casa com rede pra gente ficar lá conversando”.

No início, Fábio, que não nega ser uma pessoa extrovertida e “pra frente”, era tudo o que Márcia mais temia. “Ela odiava celular, odiava tirar fotos, e eu modifiquei isso nela porque chegava na cozinha gravando, falando alto e, com o tempo, ela se acostumou comigo. Hoje, ela ama Instagram e ama gravar stories”, conta.

Márcia não nega e lembra que outros vizinhos, que não possuem o “mesmo espírito de união”, já falaram da turma. “Uma vez uma vizinha me disse que eu tinha de orar por ele (Fábio), porque ele parecia um pouco perturbado”, conta aos risos. Fábio explica o porquê sem perder o humor. “Isso tudo porque eu grito a Márcia antes mesmo de chegar no portão, e a gente dá muita risada”, explica.

Tatuagem foi feita no último sábado (11). (Foto: Marcos Maluf)
Tatuagem foi feita no último sábado (11). (Foto: Marcos Maluf)

A ligação é tão forte, que no fim de ano, Fábio e Gabriel se emocionaram por celebrarem as festas de fim de ano longe de Márcia e suas filhas. “Sentimos muito a falta delas. Embora tenhamos a nossa família no interior de Mato Grosso do Sul, elas também são a nossa família”, explica Gabriel.

Na pele – A cumplicidade traduz a decisão do grupo de eternizar na pele um símbolo que, segundo eles, tem tudo a ver com a relação no dia a dia. “Como nós amamos nos reunir para tomar café, pensamos em tatuar uma xícara para simbolizar a nossa amizade”, diz Fábio.

A ideia surgiu na última semana e as tatuagens foram feitas no sábado (11) pelo tatuador Kadoshi. Márcia, inclusive, nunca havia feito uma tattoo. “Até isso a gente mudou nela”, brinca Fábio.

Apesar da diversão constante entre vizinhos, é a parceria, independentemente dos problemas, que emociona e fala mais alto na relação. “A gente brinca muito, mas essa relação pra gente é muito importante em um momento em que a gente percebe que as pessoas não têm mais esse contato”, comenta Fábio. “Sem contar que hoje as pessoas se tornaram distantes e dão a entender que ninguém mais precisa do outro. Mas isso não é verdade. Nós precisamos do outro e uma relação como essa, cheia de confiança e respeito, é muito importante”, comenta a farmacêutica Flávia Souza, 35 anos, que também foi tatuada ao lado da irmã Jaqueline Souza, 33 anos, advogada.

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