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Comportamento

Aos 7 anos, Duke vai para Brumadinho ajudar nas buscas de 21 corpos

Ao lado de Duke viajará Cindy, labradora que também foi certificada para auxiliar nas buscas

Thailla Torres | 21/09/2019 07:50
Duke é de Coxim e será um dos cães sul-mat-grossenses a ajudar nas buscas. (Foto: Marina Pacheco)
Duke é de Coxim e será um dos cães sul-mat-grossenses a ajudar nas buscas. (Foto: Marina Pacheco)

Duke tem sete anos, é da raça pastor belga e na próxima semana vai deixar Campo Grande para uma missão nobre. É um dos dois cães de Mato Grosso do Sul certificados para colaborar com as buscas em Brumadinho (MG), região de rompimento de barragem da mineradora Vale, em janeiro deste ano, deixando destruição e muitas vítimas desaparecidas.

A tragédia completa em setembro oito meses e 21 corpos ainda não foram localizados. Desde o início das buscas, milhares de militares do Corpo de Bombeiros e cães já participaram das ações.

Há alguns meses, exames constataram que os cães que atuaram em trabalhos de resgate estão com alterações na taxa de metais pesados no corpo. Apesar do quadro não ser considerado preocupante, eles seguem monitorados.

Apesar dos riscos, o comandante do quartel do Corpo de Bombeiros, de Coxim, major Fábio Pereira de Lima, na corporação há 14 anos, não teme os riscos. “Assim como nós bombeiros temos que entrar em locais insalubres, com uma finalidade muito nobre de localizar uma vítima para devolver um conforto às famílias, o nosso cão também está sujeito aos riscos, mas ele está indo cumprir uma missão ao meu lado”, explica o major.

Ele recebeu certificação e irá passar 10 dias na região de Brumadinho. (Foto: Arquivo Pessoal)
Ele recebeu certificação e irá passar 10 dias na região de Brumadinho. (Foto: Arquivo Pessoal)

O cão facilita muito o trabalho do bombeiro num cenário onde muitas vezes, o homem não consegue perceber se tem uma pessoa no local. “O faro deles é importantíssimo”, ressalta.

Durante o período que ficarão na cidade mineira, os cães terão um tratamento especial. “Uma espécie já está responsável para dar todo suporte e evitar que eles adoeçam”, afirma o major.

Além do pastor belga, uma labradora de sete anos, chamada Cindy, também deixará Mato Grosso do Sul na próxima semana para ajudar nas buscas. “Ela vai acompanhada do sargento Luciclei, responsável dela”, explicou.

Duke fez sua aparição e demonstrou suas habilidades durante um encontro realizado na UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), na manhã desta sexta-feira, onde o “Resgate em Brumadinho” virou tema de palestra no simpósio sobre relações interespécies.

O objetivo do evento é levar demonstração de treinamento de cães de trabalho de policiamento, de choque e de busca, tais como os animais de resgate em tragédias, além de palestras e mesas-redondas. “Queremos informar a população sobre aspectos relacionados à inserção e à convivência com os cães em nossa sociedade discutindo questões como aprendizagem, saúde física e mental, consideradas importantes para que essa convivência entre humanos e cães seja saudável”, destaca a coordenadora do evento, professora doutora Heloísa Grubits.

Coronel de Santa Catarina veio narrar sua experiência com alunos da universidade. (Foto: Marina Pacheco)
Coronel de Santa Catarina veio narrar sua experiência com alunos da universidade. (Foto: Marina Pacheco)
Malu é aposentada, mas atuou durante 9 anos em ações de resgate. (Foto: Marina Pacheco)
Malu é aposentada, mas atuou durante 9 anos em ações de resgate. (Foto: Marina Pacheco)

Experiência – Tenente Coronel Walter Parizzoto é um dos milhares de bombeiros militares de Santa Catarina e de outras partes do país que passaram, em sistema de rodízio, no resgate de Brumadinho. Com 30 anos de experiência, ele afirma que o viveu na operação nunca mais será esquecido e reforça a parceria entre o homem e o animal para esse tipo de atividade. “Foi extremamente difícil e impactante. Para nós, que trabalhamos com cães, eles são as únicas ferramentas eficientes que as pessoas possuem para localizar seus entes queridos”, afirma.

Walter é dono da Malu, cachorra que completou 10 anos em 2019 e aposentou após quase uma década de atuação Corpo de Bombeiros do sul do país. Ele se especializou no treinamento e na coordenação de projetos de cães há mais de uma década, quando o estado vivenciou um estado de calamidade com as enchentes que deixaram muitos mortos.

“Somos um estado brasileiro que treina em áreas de risco, principalmente, depois de 2008, um ano impactante. Por isso, também somos uma das primeiras equipes externas a serem solicitadas para esse tipo de trabalho”, explica.

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