Após colocar 6 pinos na coluna, Livia teve paz nas viagens pelo mundo
Período doloroso foi virada de chave para Lívia realizar seu sonho de se jogar no mundo
Livia Zanon tem 33 anos, é formada em Direito, mas não se identificou com o curso e aos 25 anos pediu demissão e mudou de área. Hoje ela trabalha com mídias sociais e dá consultoria para quem tem vontade de fazer o primeiro voluntariado. Mas sem qualquer vontade de trabalhar em um único lugar a vida toda, hoje ela é uma viajante solo cheia de experiência, que já passou por diversos países e é feliz tendo o mundo todo como casa.
Por isso, convidamos Livia para contar no Voz da Experiência um pouco da sua história e como tem sido os últimos anos viajando por diversos países sozinha, depois de um período doloroso que se tornou a virada de chave importante.
“Desde os meus 19 anos quando fiz meu primeiro intercâmbio sozinha de 3 meses para Londres eu sabia que queria ter a experiência de morar fora do Brasil. Mas foi apenas em plena pandemia (outubro de 2020) com 29 anos, depois de um divórcio e uma cirurgia que precisei colocar 6 pinos na coluna que consegui realizar esse sonho. Tirei minha cidadania italiana e fui me voluntariar num hostel em Oxford por 5 semanas, mas veio a pandemia e fechou o hostel e tivemos vários lockdowns. Fiquei presa no hostel e na Inglaterra por 7 meses, sem poder sair do país, até que tomei a vacina e as coisas foram melhorando.
Mas antes de viajar por aí…
Eu sempre quis ser uma mulher independente, quando me formei em Direito na Uniderp, em Campo Grande, passei numa seleção de trainee numa multinacional e morei três anos em São Paulo (SP). Foi maravilhoso apesar de muito desafiador. Eu vivia tentando me planejar financeiramente e emocionalmente, mas a vida foi acontecendo e fui deixando meus sonhos de lado.
Perdi meu pai em 2014 quando estava planejando fazer intercâmbio em Dublin (Irlanda) e cancelei tudo, acabei me casando e indo morar na Bahia. Depois de 4 anos, acabei me divorciando e precisei fazer uma cirurgia na coluna e tirar 2 hérnias de disco, foi o pior período da minha vida com muita dor, fisioterapia e reabilitação.
Foi também a chave que eu precisava virar para finalmente realizar meu sonho de me jogar no mundo. Prometi a mim mesma que se eu me recuperasse e não ficasse com sequelas, eu iria fazer acontecer meus voluntariados, e foi exatamente assim que aconteceu. Me recuperei, arrumei um emprego numa agência de intercâmbio por 1 ano e meio, juntei dinheiro e parti.
Viajar o mundo é se despir de muita coisa
Eu sigo aprendendo e me despindo a todo momento, viajar não é apenas momentos felizes e perfeitos como muitos acham. É preciso resiliência e muita força de vontade para lidar com as mudanças, despedidas, coisas que dão erradas pelo caminho, expectativas que são quebradas, saudade da família e amigos, mas também é transformador. Sinto que viajar sozinha me empodera como mulher, faz eu me sentir capaz de coisas que jamais imaginei que seria, além de ajudar no processo de autoconhecimento.
Viajar sozinha não é um problema
Eu me sinto mais segura sendo mulher viajando pelo mundo do que dentro do Brasil. É claro que somos mais vulneráveis e temos que estar atentas em todos os lugares, já passei muito perrengue mas nunca por ser mulher. Pelo contrário, em vários países da Europa consegue andar sozinha à noite e de madrugada sem sentir medo, e agora na Tailândia me sinto super segura também. Às vezes estou rodeada apenas de meninos viajantes e acho isso incrível, fico feliz em ter chegado até aqui com meu próprio esforço e dedicação.
Viajar voluntariamente é mais econômico
Eu tenho vontade de viajar voluntariamente e conhecer o mundo desde 2017. Além de ser uma maneira muito econômica de viajar, porque você não paga hospedagem e muitas vezes até ganha alimentação, em troca de algumas horas de trabalho por semana, você se conecta com pessoas muito interessantes que buscam viajar com mais propósito e imersão cultural.
Eu já voluntariei em recepção e housekeeping em hostel em Malta, Eslovenia e Inglaterra, já cuidei de cachorros na Croácia, morei com Monjas na Tailândia e ajudei no jardim e na cozinha do Mosteiro, e voluntariei num Projeto de Mindfulness onde tinha muita yoga, meditação, bioconstrução. Acho incrível a maneira com que aprendemos coisas novas e até descobrimos novas habilidades através do voluntariados
Chegar num lugar novo onde não conheço ninguém e ter que começar tudo do zero, as vezes pode ser desgastante emocionalmente depois de 2 anos viajando. Mas toda vez que eu tento parar, não consigo.
Todas as experiências que vivi até agora me ajudaram a descobrir quem eu sou, a me respeitar melhor, a saber o que eu gosto e não gosto, o que eu quero e não quero pra minha vida. Me ajudou no sentido de quebrar preconceitos, em julgar menos as diferenças, a abrir minha cabeça para coisas novas, vencer medos, inseguranças, e o mais importante: acreditar em mim! Eu só consigo me manter na estrada porque trabalho duro para isso, por isso foi muito valor em cada lugar e fase de vida que estou. Não é fácil, mas viajar é algo que me faz sentir viva!
A dica para quem deseja viajar o mundo:
A maior dica é: pare de colocar desculpas e empecilhos para não realizar seus sonhos. Se viajar realmente for uma vontade sua, não espere o melhor momento, a melhor época, a melhor companhia ou ter rios de dinheiro. Porque esse momento nunca chegará. É definir qual é a sua prioridade do momento, ter um carro do ano? Uma casa? Ir ao salão de beleza toda semana? Comprar roupas? Comer fora todo final de semana? Ou economizar dinheiro para ver o mundo lá fora?
Tudo é possível, basta querer olhar para fora da caixa e ver todas as possibilidades para fazer acontecer. Voluntariar é uma ótima opção, e você não precisa ficar meses viajando, há vagas com 2 semanas, às vezes até na sua cidade e dentro do Brasil. Só vai!
Quem quiser acompanhar as aventuras de Livia e ficar por dentro das experiências, o Instagram dela é @omundoeminhasvoltas
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