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Comportamento

Após levar 8 amigos para o balé, Lucas é o resistente da Moreninha

Lucas sonha em ver mais meninos participarem da dança, em projeto que leva balé a jovens da periferia da cidade.

Thailla Torres | 02/09/2020 06:15
Lucas fazendo movimentos de dança em praça na Moreninha 4. (Foto: Marcos Maluf)
Lucas fazendo movimentos de dança em praça na Moreninha 4. (Foto: Marcos Maluf)

“Posso fazer também?” Essa foi a pergunta de Lucas Abranches Salvatore Nogueira, 18 anos, após meses levando a namorada para o balé durante aulas de uma oficina pública realizado no Jacques da Luz, nas Moreninhas. Ao ouvir sim da professora, o jovem iniciou na dança e ainda deu conta de arrastar oito meninos para o desafio. O namoro acabou os amigos desistiram, e ele ficou como um resistente no balé.

“Mudou a minha vida. Depois que eu entrei na dança me reconectei comigo, me senti mais vivo, mudou a minha forma de ver as coisas, me livrou de coisas e de um universo que se eu estivesse sozinho eu não conseguiria”, narra.

Num mundo onde o balé é predominantemente exercido por meninas e mulheres, ainda que haja inúmeros bailarinos talentosos por aqui e pelo mundo, o preconceito, segundo Lucas, é o que afasta meninos como ele da arte. “A falsa ideia de que balé especificamente é só para menina acaba distanciando eles. Por isso, eu levando a bandeira aqui no bairro e tento trazer amigos”.

Longe das aulas presenciais por causa da pandemia do novo coronavírus as aulas tem sido virtuais, mesmo assim Lucas sonha que ao retornar às aulas no parque do bairro, o projeto consiga conquistar mais meninos. “Acho que a dança é uma das artes mais incríveis e capazes de transformar a vida de meninos na periferia.”

Lucas está no projeto social há um ano e já fez dança em anos anteriores, lembra. “Fiz aulas de zumba e fit dance”, diz. “Mas o balé clássico e contemporâneo me conquistou. Eu espero dar continuidade a dança quando tudo isso passar.”

Lucas faz parte do projeto há 1 ano. (Foto: Marcos Maluf)
Lucas faz parte do projeto há 1 ano. (Foto: Marcos Maluf)

Cheio de simpatia, ele diz que a resistência começa quando pouco se importa com o preconceito escrachado de alguns. “Tem gente que tira sarro, mas eu não ligo. Aliás, por eu não me importar, e demonstrar que eu gosto disso de verdade, poucos falam pra mim. Mas já vi outros meninos passarem maus bocados com quem tira sarro.”

O projeto ‘Oficina Pública de Ballet’ atrai centenas de meninas e alguns meninos a praticarem a modalidade desde 2017. Para a professora Dalila Ferreira Nantes, a resistência de Lucas é uma inspiração para, além de ensinar os passos de balé, conversar com alunos e familiares sobre a participação de meninos nas aulas.

Lucas mora com o pai e a avó no Bairro Moreninhas. Segundo ele, o pai sempre o apoiou em suas decisões. “Se é uma coisa que ele gosta, não tem porque eu ir contra. Somos ligados no 220”, ressalta o pai do jovem bailarino, Luciano Teodoro Nogueira, 37 anos, todo orgulhoso do filho.

Em época de pandemia, as aulas estão sendo on-line, o que desanimou um pouco Lucas e suas amigas. “Não é a mesma coisa. Espero que volte logo”.

Além das aulas on-line, a professora envia vídeo por aplicativos de mensagens para os alunos complementarem os aprendizados.

Além do Parque Jacques da Luz, o projeto também ocorre no Parque Ayrton Senna, no Aero Rancho e no Centro Olímpico Vila Nasser. A quarta sala de aula está sendo construída na Praça dos Rouxinóis.

Tanto o uniforme quanto os acessórios que compõe o kit das bailarinas, como sacola, redinha, colã, meias e sapatilhas são entregues gratuitamente as participantes do projeto. As professoras são cedidas pela Fundação Municipal de Esporte.

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Lucas durante apresentação com as bailarinas. (Foto: Arquivo Pessoal)
Lucas durante apresentação com as bailarinas. (Foto: Arquivo Pessoal)


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