Após perder irmã, lembrança de luta veio em mêsversário da filha

Apesar do assunto ter se tornado comum no cotidiano de um mundo que enfrenta uma pandemia, dificilmente alguém escolheria o tema acima para o aniversário de uma criança, vai dizer que não? Pois é, a fotógrafa Gabriela Santos Dourados um dia também nem imaginou escolher algo semelhante, até que se viu inserida nesse universo da “linha de frente” da forma mais dolorosa possível, e quis homenagear os profissionais que durante meses lutaram pela vida de sua irmã, que partiu em junho.

“Há dois meses perdi minha irmã com câncer. Ela estava internada no Hospital Regional, referência da covid-19, e fiquei por dentro de como está a situação lá. Também tenho uma tia que é enfermeira e que me fez entender e admirar a luta deles. Essas pessoas estão se desdobrando para salvar vidas mais do que a gente imagina”, descreve Gabriela.

Por esses motivos, ela decidiu homenagear de alguma maneira esses profissionais e fazer um alerta para as pessoas ficarem em casa, além, claro, de lembrar tudo o que a irmã deixou de ensinamentos durante o tempo que lutou contra o câncer. “Então pensei em fazer o ‘mêsversário’ dela nesse tema”, conta.

A pequena Luara, que completou nesta semana três meses de vida, aparece sentadinha ao lado de um bolo decorado com a seguinte mensagem: “Luara agradece aos heróis da saúde. #vaipassar”. Do outro lado um quadro exibe o pedido para que as pessoas fiquem em casa, além do sorrisinho dela que encanta a mãe a cada momento que olha a fotografia.

O ensaio, claro, já emocionou familiares e muitos profissionais, conta Gabriela, que é imensamente agradecida por tudo o que fizeram para tentar salvar a vida da irmã.

“Minha irmã foi diagnosticada em 2017, fez sempre o tratamento no Regional onde os profissionais sempre buscaram de tudo pra salvar a vida dela. O câncer era no fígado, fez várias cirurgias e, na segunda, conseguiram remover o tumor. Ela se recuperou bem, estava curada, mas neste ano, infelizmente, o tumor voltou”, lembra.

Os últimos dias de vida da irmã foram difíceis, mas toda vez que chegava ao hospital, o tratamento especialmente das enfermeiras era de deixar Gabriela emocionada. “Era lindo de ver a dedicação para que ela ficasse bem, por isso, ela sempre falava em levar presente para as enfermeiras porque era grata por tudo”.

A irmã partiu aos 30 anos no dia 24 de junho e deixou uma lição maior do que Gabriela podia imaginar. “Comecei a dar mais valor a vida, a saúde e a ser mais grata por estarmos bem. Aprendi a dar valor nas coisas mínimas que para muitos é uma coisa enorme, como ao menos levantar da cama e respirar bem. E nunca tinha parado para observar como profissionais da saúde são importantes e como que é lindo o trabalho, por isso, hoje eu respeito e valorizo muito”.

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