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Comportamento

Bilhete em busca de solteira ou viúva promete "romance sem violência"

Papel escrito à mão informa que pretendente não fuma ou bebe; recado arrancou risadas e questionamentos

Natália Olliver | 12/07/2023 06:47
Bilhete feito por Jorge e colado em poste, da Avenida Gunter Hans, em Campo Grande (Foto: Juliano Almeida)
Bilhete feito por Jorge e colado em poste, da Avenida Gunter Hans, em Campo Grande (Foto: Juliano Almeida)

A súplica de amor colada a um poste na Avenida Gunter Hans, em Campo Grande, chamou atenção de quem passava pelo local nesta semana. O bilhete simples, escrito à mão com tinta preta, quase implora para que mulheres entrem em contato e conheçam o pretendente misterioso, que se apresenta apenas como Jorge. O mais curioso da história é que o homem promete 'romance sem violência' para futura namorada.

No texto, Jorge fala que há muitos homens matando mulheres na Capital e que enquanto isso ele está sem nenhuma. “Matando sem motivo. Você não vai se arrepender, Ok, linda”, diz. Apesar da intenção ser cômica, o trecho evidenciou a maior preocupação das mulheres sobre encontros com desconhecidos: o medo de ser morta.

O desespero é tanto que o homem não exige muito, apenas que a mulher seja solteira ou viúva. Ele até diz aceitar que ela tenha filhos. E ressalta que mora sozinho. Na borda do pequeno bilhete, Jorge acrescenta que não fuma e não bebe e que a pessoa não vai se arrepender em dar uma oportunidade ao galanteador.

O Lado B tentou contato com o homem, mas não obteve retorno, tanto por mensagem quanto via telefone. O caso inusitado despertou curiosidade a respeito da coragem das mulheres em contatar o homem.

Por isso, a reportagem foi às ruas perguntar se elas ligariam para Jorge caso avistasse o bilhete. O tema arrancou risadas e reflexões das mulheres entrevistadas no centro de Campo Grande, mas a resposta foi unânime: Não. O motivo, medo de perder a vida.

Dieniffer da Silva fala sobre medo de encontrar estranhos, na Rua 14 de Julho (Foto: Henrique Kawaminami)
Dieniffer da Silva fala sobre medo de encontrar estranhos, na Rua 14 de Julho (Foto: Henrique Kawaminami)

Dieniffer da Silva, de 21 anos, ri ao ser abordada. Ela responde que acha que a situação é uma pegadinha, que utilizaram o número do homem para “trolar o cara”.

“Não chegaria a me encontrar nada. Acho louco uma pessoa escrever assim. Acho que foi pegadinha, nunca vi ninguém fazer isso. Não procuro gente assim, ainda mais pelo poste. Sou casada, mas mesmo que fosse solteira é meio estranho, não conheço a pessoa”.

Apesar de achar graça no bilhete, o medo de encontros do gênero também assusta Zilnei da Gama, 49 anos. Ela ressalta que não arrisca fazer esse tipo de coisa justamente pelo cenário lamentável presente na Capital e Estado.

Zilnei se enquadra nas exigências de Jorge, mas não teria coragem em ligar para ele (Foto: Henrique Kawaminami)
Zilnei se enquadra nas exigências de Jorge, mas não teria coragem em ligar para ele (Foto: Henrique Kawaminami)

“Não por já estar acontecendo isso, de muitos homens matando as mulheres. Pode ser verdade, mas eu não entraria em contato”. Zilnei é viúva e acrescenta que nunca entrou em um aplicativo para procurar ninguém. “Estou tranquila assim”, brinca.

Teodora, de 60 anos, que não quer revelar o sobrenome, ri quando pergunto sobre o bilhete. “Eu não quero saber disso não, eu não falaria com ele, não. Não quero ter contato com alguém que não conheço”, pontua.

Teodora ri do bilhete feito por Jorge e diz que um casamento na vida é o suficiente (Foto: Henrique Kawaminami)
Teodora ri do bilhete feito por Jorge e diz que um casamento na vida é o suficiente (Foto: Henrique Kawaminami)

Ela ainda diz que ter se casado uma vez na vida é o suficiente. “Hoje em dia, tá tendo tanta coisa, de jeito nenhum ligaria”.

A opinião é compartilhada com Sueli Soares de Oliveira, de 69 anos. “Não ligaria. Deus me livre, nem se fosse casada, Eu tenho medo. Não pego nem carona com desconhecido”.

Para ela o bilhete é verdadeiro e não uma brincadeira. “Pode ser ele mesmo, eu acho que não é pegadinha não”, finaliza.

Tímida, Sueli Soares brinca com a situação desesperada do autor do bilhete (Foto: Henrique Kawaminami)
Tímida, Sueli Soares brinca com a situação desesperada do autor do bilhete (Foto: Henrique Kawaminami)

Homens - O Lado B também quis saber a opinião dos homens sobre o assunto. Roberto Dias Fiaiz, de 60 anos, afirma que não colocaria um anúncio do tipo.

“Sou solteiro e não colocaria. Acho que pode ser sim uma pegadinha. Há tantas coisas que acontecem nesse negócio de aplicativos, imagina colocar algo assim. Você não sabe quem é, não conhece a pessoa”.

Para ele, o método escolhido por Jorge não traz segurança às mulheres. “Acho mais inseguro ainda. A pessoa liga pra você, manda você ir lá e mata você, e aí?Acho que pode ser falso”.

Roberto Dias Fiaiz, na Rua 14 de Julho, Centro de Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)
Roberto Dias Fiaiz, na Rua 14 de Julho, Centro de Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)

O homem Identificado apenas como Luiz, de 70 anos, também ri quando escuta a história. De acordo com ele, a atitude de Jorge é desesperada. “Não faria uma coisa assim, ele só pode estar desesperado. Eu não faria isso. Eu acho muito perigoso pras mulheres”, conclui.

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