Bob Dylan, o Nobel e os encontros com a música de Mato Grosso do Sul
Este mundo ainda nos surpreende com boas novas e, uma delas é a notícia de que o cantor, compositor, ator, pintor, escritor de dois livros e centenas de letras de música, Bob Dylan, é o Nobel da Literatura de 2016.
Nobre ele sempre foi, desde que começou a escrever poemas, aos 10 anos de idade, aprender sozinho a tocar piano e guitarra, imitar Little Richard e seguir a trilha country de Woody Guthrie.
Fui apresentada a Bob Dylan pelos primeiros voluntários italianos que vieram a Campo Grande em 1969 para desbravar o velho leprosário de São Julião.
Eles chegavam de barba, cabelos compridos, tênis surrados e camisetas com gritos desenhados de uma Europa que vibrava com a revolução nas ruas por justiça social.
Depois encontrei Bob Dylan na figura de Paulo Simões e Geraldo Roca, recém chegados de Machu Pichu, trazendo na bagagem a emblemática Trem do Pantanal.
Quando os vi tocar, pensei: "Também somos folk, também somos country" e embarquei com eles nessa viagem. Quase meio século depois, vejo no Prêmio Nobel de Bob Dylan a consagração de nossa rebeldia e de nossos talentos revolucionários.
A Academia de intelectuais que o elegeu, também consagra a força e a poesia da palavra cantada e o conteúdo histórico da geração que marchou contra as guerras, que colocou o amor como o poder maior do mundo e que até hoje luta pela paz.
Por isso eu vejo esse Prêmio Nobel nas mãos de nossos músicos e poetas, de nossos pintores e atores e, nas mãos de Manoel de Barros, nesse centenário de sua revolução poética.