Campo-grandense realiza sonho e visita Chernobyl, cenário de tragédia
Cenário da maior tragédia nuclear da história recebe turistas curiosos nos últimos anos
Nos últimos dois dias, o professor de inglês Firmino Cortada recebeu inúmeras mensagens com questionamentos sobre a escolha do seu novo destino. Conhecido pelas viagens que já fez pelo mundo, Firmino agora escolheu visitar Chernobyl, na Ucrânia, local do maior acidente nuclear da história.
Atualmente o local é aberto à visitação de turistas, com níveis de exposição à radiação controlados. O endereço “radioativo” ficou ainda mais conhecido em 2019, quando HBO lançou uma série narrando detalhes da tragédia que ocorreu em Pripyat, a cerca de 20 km da cidade de Chernobyl, na antiga União Soviética – atual Ucrânia.
O desastre de 1986 foi ocasionado por uma sucessão de erros humanos e violações de procedimentos de segurança matou milhares de pessoas e deixou a cidade inabitada. Após o acidente nuclear, há 35 anos, uma zona de exclusão de 30 km foi montada ao redor da usina e da cidade de Pripyat. No local é proibido morar, mas o turismo é liberado desde 2012.
“Eu sou apaixonado por filme de terror e por histórias de cidades que desapareceram ao longo do tempo. Eu vi em um blog sobre o turismo em Chernobyl e fiquei muito animado para conhecer”, destaca o campo-grandense.
Confira a galeria de imagens:
Há anos ele desejava visitar a cidade, mas a Ucrânia era fora de rota, por isso, ele precisou de tempo e organização financeira para custear o passeio.
Firmino passou dois dias em Chernobyl e dormiu em alojamento, que não possui ar-condicionado e o banheiro é coletivo. Mas nenhum perrengue, segundo ele, se sobressai a experiência emocionante que é conhecer.
“Tudo é impressionante. No primeiro dia fomos à vila abandonada, escolha e o prédio onde ficava o radar ultra secreto da União Soviética em que o mundo descobriu. Ali, mais do que o que ficou do desastre também mergulhamos em uma aula de história sobre a Guerra Fria”.
No segundo dia Firmino conheceu mais detalhes da cidade que foi evacuada e a usina. Toda a estrutura da cidade permaneceu intacta, já que os habitantes jamais foram autorizados a retornar. É justamente essa atmosfera de abandono e ruínas que dá um ar tão único ao destino. “Visitar Chernobyl é explorar um lugar que parou no tempo. Mas os prédios já estão se deteriorando. Em alguns deles não é indicado entrar pois há risco de desabamentos”.
Embora a natureza venha cada dia mais ocupando espaço, é fácil encontrar vestígios da ocupação humana. Muita coisa foi deixada para trás.
A excursão chega também até mesmo os arredores do reator 4 que explodiu, atualmente confinado em uma enorme estrutura de concreto, chamado de sarcófago. Em seu interior há pelo menos 200 toneladas de cúrio radioativo, 30 toneladas de pó altamente tóxico e 16 toneladas de urânio e plutônio.
“O que assusta é que a estrutura foi planejada para durar 100 anos, mas ainda não temos tecnologia para acabar com o plutônio”, diz Firmino.
Além de curiosidades, o local leva o visitante a instantes de muita emoção. “É impossível não se emocionar. O lugar traz aquela sensação de lugar apocalíptico, de terror, cidade fantasma. É interessante saber que 35 anos atrás teve um desastre e tudo ficou ali”.
Entre os principais questionamentos nas redes sociais estava se a radiação em que turista é exposto é segura. Sim! Visitar a Zona de Exclusão de Chernobyl é surpreendentemente seguro. Os níveis de radiação estão controlados nas áreas abertas à visitação, sem perigos para curtas exposições. “A radiação em que a gente é exposto em Chernobyl é a mesma em um avião e menor que em um exame de raio-x”.
Quanto custa – Agências de turismo na Ucrânia organizam tours com guias até Chernobyl. Não é possível ir sozinho, pois a visita só é permitida com guias licenciados. Os preços da visitação em grupo variam entre € 89 (R$ 535,00) e € 200 (R$ 1.024,00), chegando até € 750 (R$ 4.515,00) para passeios privados.
“E nesta pandemia, para entrar precisamos de PCR negativo e um seguro viagem local que custa cerca de 20 dólares”, finaliza Firmino.
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