Com 940 gramas, Miguel foi gatilho para mãe lutar contra prematuridade
Menino venceu o parto antecipado sem sequelas; hoje com 10 anos mãe comemora vitória
Com menos de 1kg e com 35 centímetros, Miguel Deduch Honório de Godoy surpreendeu a mãe Karen Crystina Deduch Honório de Godoy, de 40 anos, ao nascer antes da hora, com apenas sete meses (28 semanas). O drama da prematuridade extrema do filho fez com que ela se envolvesse na causa e passasse a atuar ativamente na pauta. Hoje, a professora é uma das seis voluntárias da ONG Nacional chamada ‘Prematuridade - Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros’.
A história começa em 2013, quando o menino nasceu na maternidade Cândido Mariano, em Campo Grande. Após anos tentando engravidar e com um aborto espontâneo na lista de traumas do casal, Karen e o marido, Clayton Rodrigo, enfim estavam felizes com o resultado positivo do Beta HCG, exame usado para detectar gravidez.
“Era uma ansiedade para ver se o meu pequeno estava bem, se o coração estava batendo certo. Fiz todas as consultas de pré-natal e cuidei certinho de tudo. Mas, no dia 01 de agosto aconteceu o inesperado. De repente, senti algo descer entre as minhas pernas, achei que tinha feito xixi sem perceber”.
Karen foi para o hospital e precisou ser internada com urgência. Um dia depois Miguel nasceu pesando inicialmente 1,180 kg, mas depois que o inchaço diminuiu a pesagem ficou em 940g. A família ficou 81 dias na UTI Neonatal e na área destinada ao ganho de peso de bebês (Mãe Canguru). “A partir daí, era tudo ou nada para o meu pequeno, começando a batalha pela vida. A cada visita, era uma novidade boa ou ruim".
Apesar do sufoco e do momento delicado, hoje Miguel é uma criança saudável, de 10 anos, sem qualquer sequela. “O maior milagre disso tudo é hoje ver o meu filho esperto e saudável. Ele saiu da maternidade com 1,915 kg”.
ONG - Na época o assunto prematuridade não era tão debatido como hoje. Devido ao período, Karen resolveu dedicar tempo e energia para orientar e ajudar outras mães que passam por isso.
Ao Lado B ela explica que a ONG nasceu em 2014 e que se juntou às fundadoras Denise Suguitani e Aline Hennemann para atuar na prevenção do parto prematuro e na garantia dos direitos dos bebês prematuros e os das famílias. “Começou com um grupo no Facebook e hoje é a principal ONG que trata desse assunto no país. Sei bem como é essa luta de UTI, de cada grama ser uma vitória”.
Segundo ela, muitas mulheres não sabem que têm direito a licença maternidade estendida para mães de prematuros, ou seja, além dos 120 dias garantidos por Lei, também possuem direito dos dias que forem necessários, a partir do momento em que o bebê está hospitalizado. “A licença normal só começa a contar a partir da alta do bebê, sem prejudicar a mãe pelas leis trabalhistas, que é de 120 dias”.
“Quando comecei a procurar direitos de bebês prematuros, encontrei a ONG e a Denise me convidou a ser voluntária, que é como uma representante de antigamente. Somos em seis. Conseguimos sancionar duas leis, uma municipal Lei nº 7.044, de 5 de maio de 2023, e outra estadual, Lei nº 5102, de 4 dezembro de 2017”.
As normas asseguram a implementação de ações para prevenir a prematuridade e conscientizar a população sobre cuidados necessários para um parto seguro. Além claro, de colocar o assunto como data fixa em ambos calendários oficiais no mês de novembro, mês conhecido pela cor roxa, que representa a pauta. “O intuito é que se fale mais sobre o parto prematuro”.
No mundo, desde 2008, o dia 17 de novembro é marcado como data importante para debater e alertar famílias sobre o assunto.
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