Com estoque d'água e disposição, homem mora há 7 anos no pico do Morro Paxixi
Em meio à caminhada que leva ao pico do Morro do Paxixi, bem no final da Serra de Maracaju e início da planície do Pantanal, uma casa de alvenaria simples e com cerca de arame farpado chama a atenção de qualquer trilheiro. Afinal, quem moraria no alto de um morro, longe da civilização (e mais perto do céu, diga-se de passagem)?
A resposta é Clodoaldo Santana Teixeira. Um operador de transmissor de rádio, de 39 anos, casado, pai de família, natural de Aquidauana, cidade do interior de Mato Grosso do Sul, que fica a 135 quilômetros da capital, Campo Grande.
Há 7 anos, ele se divide entre o rural e o urbano, passando uma semana no morro e outra em Aquidauana. A escala de trabalho dura 7 dias e a cada sexta-feira ele troca de lugar com outro operador, e assim sucessivamente.
Na casa onde mora não há muita estrutura, mas até que ele se vira bem com o que tem. Clodoaldo confessa que “já se acostumou” com os dias longe do vai-e-vem da cidade e que, quando está “lá”, sente falta da tranquilidade que embala a rotina no alto do Morro do Paxixi.
“Fui criado na fazenda, na casa dos meus avós, e lá também não tinha estrutura, então para mim está tudo certo”, comenta o operador.
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Para passar a semana, Clodoaldo faz um estoque de água potável, que traz de Aquidauana para consumo e para fazer a comida, e outro com água da chuva, para higiene pessoal e limpeza da casa.
No quintal, ele mesmo construiu uma calha que leva a água da chuva direto a um reservatório, a qual ele utiliza para lavar louça, roupa e também tomar banho. “O banho aqui é no balde e na caneca”, conta o operador, sem qualquer constrangimento.
Um pedaço do paraíso – Mas em contrapartida, e o que compensa todo “perrengue”, Clodoaldo pode dizer que é bastante privilegiado. Como ele mesmo descreve, mora em um pedaço do paraíso e ostenta belezas da natureza no quintal de sua casa.
No fundo da residência, onde fica a antena da rádio e é o ponto mais alto do morro, a paisagem é nada mais nada menos do que a planície do Pantanal sul-mato-grossense, que pode ser contemplada de cima de uma rocha, à beira de um abismo. Uma vista realmente linda!
Ponto de apoio – Nesses 7 anos, Clodoaldo conta que já ajudou muita gente que subiu o morro para fazer a trilha. A casa dele é quase parada obrigatória no meio do caminho em direção ao topo, seja pela curiosidade ou como ponto de apoio mesmo.
“O movimento maior é durante o final de semana, tem grupo que até acampa aqui no pico do morro, e eu ajudo no que precisar, estou sempre à disposição”, garante Clodoaldo, com um sorriso de satisfação no rosto.
Ele afirma, com orgulho, que conhece o Morro do Paxixi como a palma de sua mão e que sempre dá dicas de caminhos aos trilheiros. Quem passa por lá tem suporte garantido e, de lambuja, ainda ganha um copo d’água e um bom papo.