ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
JULHO, DOMINGO  21    CAMPO GRANDE 25º

Comportamento

Com povo na rua, fotos da Copa de 70 provam que Campo Grande já foi mais animada

Registros captados por Roberto Higa mostram o centro da cidade cheio e, no último ano de Copa, as ruas vazias

Thaís Pimenta | 14/06/2018 07:52
Jose Ivan Aguiar é o homem que está no canto direito da foto. Maioria nas ruas eram homens, hoje essa realidade já mudou, a mulherada comemora também. (foto: Roberto Higa)
Jose Ivan Aguiar é o homem que está no canto direito da foto. Maioria nas ruas eram homens, hoje essa realidade já mudou, a mulherada comemora também. (foto: Roberto Higa)

A espera acabou e a Copa do Mundo 2018 finalmente começará hoje. Nesse clima, Lado B foi atrás de registros históricos que resgatassem um pouco de como os campo-grandenses comemoravam os jogos no passado por aqui. Em fotos da Copa de 1970 e de 2014, captadas pelas lentes do mestre Roberto Higa, o contraste de uma mudança de comportamento.

Os registros de 48 anos mostram as ruas do Centro da cidade lotadas de gente, com centenas de pessoas comemorando o tri. Na época, os jogos não eram transmitidos ao vivo. "A gente ouvia a narração dos jogos pelo rádio e só ficávamos imaginando como foram as goleadas. Só mesmo a noite, depois do Jornal Nacional, é que a fita com o jogo era transmitida por aqui", lembra Higa. Então, a comemoração era feita antes mesmo daquela conferidinha nos 4 golaços feitos pela equipe de craques brasileiros na Itália, que perdeu com um golzinho só.

O médico alergista José Ivan Aguiar aparece em um desses registros, comemorando ao lado dos colegas que moravam com ele na república no edifício Kondorfer, que dava vista direta para a 14 de Julho. "Foi o autêntico Carnaval fora de época a comemoração do tri. Estavam todos os amigos reunidos. Descemos do edifício e nos unimos a quem passava por ali", conta.

A final aconteceu em pleno domingo, por isso o grande movimento. "Não precisamos matar aula já que era fim de semana.Lembro que eu fiquei segurando uma bandeira do fluminense, que era emprestada de um amigo meu, o Gabora, que morava em frente à república".

O jornalista Silvio Andrade, que logo depois do tri assumiu a editoria de esportes no antigo jornal Diário da Serra, lembra que na época ainda não trabalhava como jornalista. "Eu tinha 17 anos e me lembro exatamente de sair de bicicleta pela 14 de julho, no meio dos carros. Perdi minha bandeira do brasileiro, peguei um galho da árvore, e saí acenando, o Higa fez a foto em frente a sede do jornal, que está na Afonso Pena, ao lado da Dona Neta ainda em construção", conta.

Silvio saiu com a bike no impulso que só o futebol permite sentir. "Fui sozinho. Na época eu já gostava muito e acompanhava futebol, principalmente de São Paulo, ouvindo jogos e programas esportivos, tanto é que deu no que".

Na foto, o tri confirmado, e a dúvida se em 1974 a taça seria nossa. (foto: Roberto Higa)
Na foto, o tri confirmado, e a dúvida se em 1974 a taça seria nossa. (foto: Roberto Higa)
A foto que Silvio de Andrade resgistrou na memória. (foto: Roberto Higa)
A foto que Silvio de Andrade resgistrou na memória. (foto: Roberto Higa)

As fotos deixam claro que a maioria dos torcedores nas ruas era de homens, o que hoje em dia mudou bastante de figura, já que famílias inteiras se reúnem para assistir a Copa do Mundo pelos bares da cidade. 

Higa se lembra dos craques do time brasileiro da época: ''O grande Pelé jogava pra nós, Rivellino, Jairzinho, Tostão e Gerson também, e eram todos comandados por Zagallo''.

O médico José Luiz Mikimba não estava presente no dia da comemoração da final, mas conta que, nos dias anteriores, em que o Brasil disputou com outros países, os jovens universitários se reuniam no edifício Kondorfer para assistir e ouvir as partida. "Ali tinham várias repúblicas e nos reuníamos para acompanhar os jogos. Era tradição os acadêmicos jogarem água na torcida ali em baixo na 14 de julho", lembra.

Hoje o pessoal da república mora, a maioria, fora de Mato Grosso do Sul e "outros já se foram deste plano", lembra o médico, o que torna essas imagens ainda mais históricas!

Muitos dos presentes nas comemorações eram estudantes. (foto: Roberto Higa)
Muitos dos presentes nas comemorações eram estudantes. (foto: Roberto Higa)
Nessa foto, os  quatro agachados representam os gols feitos pelo Brasil e o homem em pé é o paí. (foto: Roberto Higa)
Nessa foto, os quatro agachados representam os gols feitos pelo Brasil e o homem em pé é o paí. (foto: Roberto Higa)

Na última Copa de 2014, o retrato da mesma área da cidade é completamente diferente do que o registrado acima por Higa. E foram precisos só 44 anos para ver tanta mudança no comportamento da população.

"Hoje as pessoas se reúnem nos bares ou até em casa pra festejar esse imenso torneio, o maior do mundo, que é a Copa. Continua tendo interação mas só com quem se quer ter mesmo", completa o fotógrafo.

O vazio diz muito também sobre o resultado que tirou ou tro título do Brasil, o 7X1 para a Alemanha. "Lembro que nesse dia eu saí de onde estava assistindo com a família justamente pra conferir se haveria algum contraste, e teve muito!", finaliza Higa.

Curta o Lado B no Facebook  e no Instagram.

(foto: Roberto Higa)
(foto: Roberto Higa)
14 de julho paradíssima na final da copa de 2014. (foto: Roberto Higa)
14 de julho paradíssima na final da copa de 2014. (foto: Roberto Higa)
Nos siga no Google Notícias