Com simplicidade, Francisco encanta olhando nos olhos dos fiéis em Caacupé
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As lágrimas escorriam pelos rostos paraguaios, brasileiros, latino-americanos...O riso surgia logo em seguida, impossível de controlar. Foram 30 segundos em que o relógio parou, eternizados na alma de quem esteve ali e viu, de pertinho, o papa Francisco passar e olhar nos olhos da multidão.
Sendo fiel, devoto ou não, a admiração que Francisco desperta e seu carisma, capaz de tocar os corações apenas com um aceno, resultam em lágrimas. Durante sua passagem pelo Paraguai, o santo padre foi aguardado, aplaudido e amado ainda mais.
A missa foi realizada na Esplanada do Santuário Mariano de Caacupé, na cidade que fica a 57 km de Assunção. O caminho até a igreja foi aberto pela segurança e a polícia paraguaia.
Mas, nem era preciso. A multidão acenava emocionada, mas tranquila. Nas mãos, as cores vermelhas e azuis vibrantes da bandeira do Paraguai contrastavam com o branco papal. Em alguns pontos, a Argentina com a sua cor do céu também aparecia. Uma homenagem a nacionalidade do pontífice e aos milhares de conterrâneos que o foram visitar durante sua passagem pela América do Sul.
O papa móvel seguiu para o santuário entre 10h e 10h30 da manhã, abrindo espaço entre cerca de 800 mil pessoas. Enrolado em uma bandeira verde e amarela, o professor de filosofia, Márcio Castilho, 24 anos, mostrava que ali também havia brasileiros.
"Ele passou a 15 metros de onde eu estava, consegui ver de bem pertinho. É uma emoção indescritível, a paz que ele traz, a alegria, é uma esperança para nós jovens que temos tanta vida pela frente, em um mundo cada vez mais consumista. O entusiamos dele faz com que agente veja o mundo com outros olhos", acredita Márcio.
O professor fazia parte de uma caravana de 45 pessoas da cidade de Salgado Filho, no sudoeste do Paraná. Para ele, a simplicidade do papa, perceptível no aceno, no olhar que parece encontrar o nosso, faz dele, um líder especial.
"Saindo daqui, eu levo muita fé, esperança e renovação para continuar a nossa caminhada. Ele nos incentiva a ter uma igreja cada vez mais humana e acolhedora, ele encanta com a alegria que trás para nós", afirma, emocionado.
Na missa do santuário, que agora é considerado a Basílica de Caacupé, a virgem santa padroeira do Paraguai, o papa falou sobre o prazer de estar perto de sua terra, a Argentina, e muito sobre a figura feminina, a mulher, a pobreza. O sermão de Francisco demonstrava compaixão pela realidade do Paraguai, sobre a fé que surge em meio as dificuldades.
"Refiro-me de modo especial a vocês, mulheres paraguaias e mães, que com grande coragem e dedicação conseguiram levantar um país derrotado, afundado, submerso por uma guerra injusta", disse Francisco, fazendo uma referência à reconstrução do país após a Guerra da Tríplice Aliança, mais conhecida como Guerra do Paraguai.
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O papa citou Maria, mãe de Jesus, como um exemplo dessa força. A virgem santa precisou passar por três situações muito difíceis, a primeira ao gerar um filho, depois ao vê-lo morrer e em seguida, ao aceitar a ressurreição.
Com duração de 20 a 25 minutos, o discurso de Francisco foge dos padrões. A homenagem as mulheres paraguaias que praticamente reconstruíram o país após a população masculina ser dizimada no conflito entre 1865 e 1870 foram bem recebidas pelo povo nacionalista, que não cansava nem um minuto de sacudir suas bandeiras ao alto.
Para o Frei Olivio Marafon, 65 anos, a ansiedade se transformou rapidamente em devoção ao ouvir o papa.
"Nunca estivemos em outra celebração dele, esta é a primeira vez. Essa simplicidade de uma papa franciscano, que aproxima as pessoas é animadora. A maioria das pessoas que estão aqui vem pela fé", acredita. O frei veio em uma caravana com três ônibus, com cerca de 120 pessoas, da cidade de Pato Branco, no Paraná.
Sarah Regina Betiato, 18 anos, de Cascavel, concordo com o Frei. "Eu vim pela fé, ele é um sucesso, a gente vem na esperança da renovação da palavra".
Após a missa, o clima nas ruas ainda era de festa, mas também de reflexão. Há estrangeiros para todos os lados e isso reflete nos hotéis lotados e no trânsito um tanto caótico.
Antes trancadas para a missa, as avenidas são liberadas aos poucos. Nas lojas há souvenires feitos com as bandeiras do Paraguai e do Vaticano. São camisetas, bandeiras, terços e até garrafas térmicas. Amanhã, Francisco segue para Assunção, onde celebra a missa em Ñu Guasu, às 10 horas.
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