Com sumiço do cachorro, família descobre solidariedade e "pilantragem" humana
Foi um segundo de descuido e o cachorro fugiu de casa. No último sábado (8), o dia era para ser de descanso, mas acabou em corre-corre pelo bairro Rita Vieira, em Campo Grande, à procura do xodó da família Duenha.
É o único cão da casa, chegou filhote e depois de 7 anos, pensar na possibilidade de ficar longe "foi algo desesperador", diz a professora universitária Liana Duenha, 36 anos.
As primeiras buscas duraram cerca de 12 horas, até que ao final da noite, pais e filhos comemoravam que alguém havia encontrado Firius, o cachorro da raça Collie. Mas a euforia foi quebrada com a cobrança de resgate de R$ 200.
A professora conta que estava em frente de casa quando o cachorro escapou. Assim que percebeu a ausência de Firius, a família toda se empenhou em sair pelas ruas do bairro procurando, colhendo pistas e espalhando cartazes com a foto dele. Uma manobra rápida, reforçada por gente que Liana não conhecia.
"Muitos moradores do bairro, que eu nunca tinha conversado, resolveram ajudar", lembra. Uma solidariedade que, na opinião dela, é uma identificação com o problema enfrentado naquele momento pela família. "Muita gente tem um animal em casa e se coloca no nosso lugar", explica.
Com uma informação aqui e outra ali, a notícia se espalhou pelo bairro, e quando Liana percebeu, quem não saiu para ajudar, ficou na torcida para a família encontrar o animal. "Tinha gente que falava que já tinha visto e compartilhado a foto dele no Facebook", comenta.
Uma das primeiras pistas que recebeu foi de que algumas pessoas tinham visto, na região, um homem que puxava um cachorro da raça Collie amarrado à bicicleta. Depois da alegria de ver desconhecidos apoiando a família, começava aí o lado decepcionante.
As andanças continuaram, até que por volta das 21h a professora universitária recebeu a ligação de um comerciante dizendo que no estabelecimento dele havia uma pessoa com um cachorro com as mesmas características de Firius.
“Ele sabia que era nosso, tinha visto o cartaz pelo bairro”, enfatiza Liana. Quando a família encontrou o tal homem, veio a surpresa ruim, o pedido de R$ 200 para devolver o cachorro. Apesar de pouco tempo com Firius, ele pedia o ressarcimento pelo o que havia gasto com o cão.
Com a saudade do cachorro, a família não enxergou outra solução a não ser pagar. “Demos R$ 100. Ele reclamou, mas aceitou”, conta a professora.
Apesar do valor menor, para Liana, o pior nesta história, é ter de pagar para ter de volta o próprio animal. “O brasileiro está acostumado com a bandidagem e nem sabe como recorrer em casos assim. Para a Polícia é só um cachorro, que não merece investigação, mas para a gente é um animal que tem muito valor”, ressalta a professora.