Culpadas ou inocentes, sem filtro mulheres presas são fotografadas por policial
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Uma vida deixada de lado e até o beijo nos filhos antes de ir para o trabalho ficou na lembrança. Um ambiente policial, portões pesados e a sentença as separam do cotidiano de mulheres comuns. Amores bandidos ou a presença na hora e no lugar errados levaram cinco mulheres a aguardar julgamento na Delegacia de Polícia da cidade de Anastácio. Todas com um sentimento em comum: a família se dissolveu no instante em que entravam na viatura, sem direito à despedida.
Da delegacia de Anastácio emergem histórias com discretas mudanças de enredo, que uma policial civil lotada em Aquidauana, cidade vizinha, resolveu registrar em ensaio fotográfico sobre o cotidiano feminino atrás das grades. Ramona Gamarra Paiva também é fotógrafa e agora realiza um desejo que durante anos foi crescendo.
“Ao longo desses 11 anos de polícia convivi com diversas situações e histórias. É impossível não se colocar no lugar de cada pessoa, principalmente, de mulheres que passaram por mim. E vi através de um hobby, que é a fotografia, a oportunidade de registrar a história dessas detentas que ficam em Anastácio aguardando julgamento. Através desse projeto quero mostrar as emoções, sentimentos, esperanças e os sonhos de cada uma delas”, conta a policial.
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Segundo a autora de ‘Grades (re)tratadas’, a ideia é ajudar no resgate da identidade dessas mulheres por meio da fotografia, levar à reflexão, para que fique mais fácil para elas enfrentar a realidade.
O delegado titular, Antônio Souza Ribas Júnior, explica que essas mulheres ficam no local até a sentença. A partir daí, o destino é a volta para casa ou o presídio. “A maior parte está presa por crimes ligados a entorpecentes, porque o marido ou namorado determinou. Não é da personalidade delas, mas ficam vulneráveis, porque amam e acabam se encrencando”.
Sanyara Ferreira chegou no último final de semana em Anastácio. Foi a Dois Irmãos do Buriti visitar o ex-namorado preso e acabou na delegacia. Mesma história de Lorena Miranda. Ambas estão grávidas e escondiam entorpecentes para entregar durante as visitas.
“Não sei o que me deu na cabeça, estava bem com meu marido, mas era usuária e resolvi levar para meu ex no presídio de Dois Irmãos do Buriti, achei que ele estava sentindo falta de usar, olha que ideia a minha”, lembra Lorena que foi pega com maconha escondida na região genital.
Já Loraine Moreira é do Paraná, mas ao passar por Mato Grosso do Sul foi descoberto mandado de prisão contra ela, também por conta do tráfico. “Mudei para Aquidauana, estava trabalhando, conheci outra pessoa, mas agora estou respondendo em regime fechado, longe dos meus filhos, dos meus pais, o único que me apoia é meu namorado”, diz.
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Priscila dos Santos mora em Anastácio e Eli Rosa Paes em Aquidauana. Mesmo perto da família, o preconceito afasta a aproximação.
“Acharam maconha no guarda-roupa do meu irmão, eu estava em casa e acabei sendo presa, não tenho nada a ver com isso, trabalho de doméstica para criar meus filhos, estou há quase um mês aqui aguardando, não posso pagar advogado e um defensor público está lutando pra provar que essa droga só pertence ao meu irmão”, garante Priscila.
O caso de Eli é bem mais complicado, responde por participação no assassinato do chefe do marido. “Alegaram que temos participação, mas fazia apenas 7 dias que estávamos lá, agora luto para provar minha inocência e a do meu marido, mas o mais dolorido são meus irmãos que não acreditam em mim, um até disse que eu morri pra ele, fora a saudade dos meus filhos e netos”, comenta.
Independente da culpa ou inocência, nas fotos feitas pela policial Ramona as mulheres surgem sem filtros. Só com seus olhares, suas penas, culpas, medos, vaidade e solidão.
Veja parte do ensaio na delegacia de Anastácio:
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