Da internet para namoro, Glauber é rastafári que Mirian escolheu para ser feliz
Ela foi casada por 23 anos, ele já passou por 6 casamentos, mas um dia a internet os conectou para o desejo de amar longe dos padrões
O que hoje Glauber e Mirian se tornaram, não se compara ao que já foram um dia. Longe dos padrões de vida e de relacionamentos, o casal é daqueles que sacode a família com as escolhas que fez, mas nada é capaz de balançar o amor que escolheram viver há 11 meses, desde que se conheceram pela internet.
A história deles é mais uma daquelas que muita gente acredita ser improvável. Mirian Sousa da Silva, de 41 anos é artesã campo-grandense, Glauber Alape, de 40, é músico de Recife e deixou o Nordeste para se aventurar no país vivendo da sua arte, mas o amor o trouxe de vez para Campo Grande.
Ela foi casada durante 23 anos e não acreditava encontrar alguém para dividir a vida. Glauber casou e separou seis vezes, também havia decidido viver o que tinha pela frente sozinho. "Até que um dia cheguei em casa e tinha um boa noite diferente no Facebook. Era o Glauber, o rastafári que eu já tinha sonhado em namorar um dia, acredita?", diz Mirian, com sorriso que não deixa negar sua felicidade.
De uma conversa simples ao desejo de conhecer intensamente um ao outro, longe dos esteriótipos. "Eu vi que ele era um cara diferente daqueles que a gente cresce ouvindo a família dizer que precisamos encontrar na vida, por exemplo, um marido bem arrumado, com bom emprego e bem sucedido para sustentar a família. Glauber não, ele não era assim e parece que foi exatamente isso que me fez ver que ele era especial".
Foram seis meses de conversa até que Mirian tomou coragem de dizer "vem", sem chance de prever o futuro. "Sou uma pessoa movida pelo amor. Minha família não entende muito isso, mas quando eu conheci o Glauber pela internet, eu senti um amor, só depois decidi que tipo de relação teria com ele".
Quando ele desembarcou em Campo Grande, Mirian jogou o medo para o alto. "Começamos a relação naquele dia. O levei para a minha casa e decidimos viver juntos".
Glauber também se diz um homem diferente e define que a relação com Mirian é daquelas rompe com o pré-estabelecido na sociedade."Escolhi viver de uma forma que a sociedade olha de maneira muito preconceituosa, inclusive, porque ela mede o status de uma pessoa pelo o que ela tem e não pelo o que ela é ou sente. E a Mirian ter me respeitado dessa maneira é romper com muitos padrões. Tive seis casamentos e precisei romper com todos eles, também, pela vida que eu escolhi seguir".
De mãos dadas o casal abrir um centro cultural no bairro Santa Luzia que abriga música e artistas de rua que chegam na cidade parar mostrar sua arte. É só chegar na rua do dois que a vizinhança aponta. "A casa do hippies? É ali na esquina ó".
O casal pouco se importa com o que dizem sobre o comportamento. "Somos duas pessoas movidas pelo amor", diz Mirian. Glauber acrescenta, "Hoje eu me cerco de pessoas que tem a mesma luta que a minha, foi nesse caminho que me encontrei e tive o prazer de encontrar Mirian".
Glauber vivia em Recife (PE), formou-se em Música e é mestre pela Universidade Federal de Pernambuco. Após anos tocando em bandas pelo país, um abriu mão de tudo para ensinar música à crianças da periferia. Assim como Glauber, Mirian também rompeu com os padrões para fugir do sofrimento. "Casei muito cedo, aos 13 anos, praticamente fui criada pelo homem que era o marido e depois de 23 anos eu quis ser feliz de outra maneira", conta. Hojeela vive da música ao lado do namorado e prova ser uma artesã de mão cheia.
Juntos, assumem a missão de transformar pessoas da mesma realidade através da arte. "Eu gosto de ensinar e mostrar que é possível fazer a diferença com o que a gente tem. Eu não preciso de muito para ser feliz", diz Glauber.
Ao lado de quem entende, o primeiro Dia dos Namorados juntos não poderia ter sido mais especial. "Hoje tenho uma grande companheira, é um lance muito mais espiritual do que físico. Quando escuto a história dela, vejo uma sofredora igual a mim, mas que aprendeu a lutar na vida e a entender que lutar pelo outro também é importante", completa.
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