Em 3 minutos de papo, nem coração machucado tira força de casal
Casal ensinou sobre resistência e força na rotina pesada de catar recicláveis
Pelas ruas de Campo Grande, a cada esquina pessoas anônimas são protagonistas de suas próprias histórias. Os personagens encontrados pela repórter em um dos dias mais quentes do mês, na Vila Nasser, em três minutos de conversa ensinaram sobre resiliência e resistência, em meio à rotina pesada de catar recicláveis em baixo do sol em um dia que o termômetro marcava 38°C.
O encontro aconteceu no dia 13 de novembro. O casal virava a esquina empurrando o carrinho de recicláveis e não passou despercebido pela repórter, que procurava pelas ruas da cidade por personagens para suas pautas sobre o calorão.
Simpático, Pedro Luiz Pereira Mendes, 63, estacionou o carrinho e chamou a repórter para conversar na sombra. De coração “machucado” e “assustado”, em poucas palavras resumiu que no início do mês foi assaltado.
Após o episódio traumático, Pedro ficou com receio até de sair de casa, mas encontrou forças para superar o trauma na esposa, Rosimeire Godoy Mendes, 54. Exemplo de resiliência, a mulher ressaltou que, mesmo em situações em que a vida complica, não se pode deixar o medo paralisar.
Machucou a cabeça, o coração está assustado. Mas eu falei para ele que a gente não podia abandonar nossa vida, nossa caminhada, por causa do medo. Se for deixar o medo tomar conta de você, você não faz nada”, ensina Rosimeire.
E se tem alguém que entende sobre superar os desafios da vida, este alguém é Rosimeire. A catadora sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) há dois anos e ainda está se recuperando. Sem deixar a lembrança abalar, relembra para a repórter que “a gente não pode desistir”.
O casal trabalha com recicláveis há cerca de quatro anos, pois o salário da aposentadoria não cobre as contas. Por causa do calor, Pedro relata que costumava sair para catar os materiais de madrugada, até ser assaltado no início do mês.
Pedro explica que de madrugada “é um horário bom para catar, porque não está quente e encontra bastante latinha”. Agora, o jeito é encarar o sol, e nas palavras de Pedro, a melhor forma de seguir em frente é com um chapelão, fé e muita água.
A gente que não teve estudo tem que trabalhar no pesado, e tem que encarar com boa fé, uma aguinha gelada e seguir o barco”.
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