Em terra onde tempo é dinheiro, inimigo é a pressa e a falta de afeto
Na contramão de jargões do empreendedorismo, Fabrício Carpinejar ressalta valor de conexões reais
Em terra onde somos ensinados que "tempo é dinheiro", o escritor Fabrício Carpinejar decidiu ir na contramão dos jargões populares do mundo corporativo e falar sobre afeto em um evento voltado ao empreendedorismo e à inovação.
O escritor foi palestrante no final da tarde de quarta-feira (2), na feira de empreendedorismo Empreendefest do Sebrae, em que abordou o tema “Inovação pelo afeto”. Em sua fala, Fabrício destacou a importância de nos permitirmos sentir, sem esquecer que, por trás de um empreendedor, ainda existe um ser humano que precisa de conexões, tempo de qualidade e afeto.
Além disso, o escritor ressaltou a necessidade de compreender a importância de conduzir a vida um dia de cada vez, dedicar-se a uma atividade por vez, valorizar os pequenos momentos e se permitir ser vulnerável.
Fabrício iniciou aconselhando que, no mundo dos negócios, há uma missão: valorizar as pessoas, independentemente de classe social ou experiência. “Todos os empreendedores têm essa missão, de não deixar ninguém invisível ao nosso lado. Não deixar ninguém desaparecer ao nosso lado. A vida é uma dança das cadeiras. Um dia estamos sentados, no outro, de pé. Tudo o que vai, volta”, pontuou.
O maior inimigo contemporâneo: a pressa
Segundo o palestrante, somos atordoados por falsas urgências, e a “pressa elimina as delicadezas da vida”. Fabrício afirma que o maior incômodo que as pessoas sentem atualmente é justamente a falta de tempo e a dificuldade de focar em uma coisa de cada vez.
Para ilustrar isso, ele pediu que a plateia imaginasse dois momentos felizes que viveram e finalizou a dinâmica expressando que, provavelmente, em nenhum desses dois momentos a plateia estaria realizando duas tarefas ao mesmo tempo.
Com a urgência de suprir milhares de demandas simultaneamente e a necessidade de estar sempre conectado com o mundo digital, Fabrício ponderou que “nós estamos em todos os lugares, menos no nosso corpo”, e que, por isso, é preciso pensar na vida como uma conexão de cada vez. Para se obter êxito em conexões bem estruturadas e fiéis, é necessário ter calma e se dedicar a uma atividade por vez.
“Vocês não estão percebendo que estamos sentindo menos saudade? A gente não sente mais saudade como antes. Porque sempre estamos fazendo duas atividades [ao mesmo tempo], e não prestamos atenção, não temos memória. Se não temos memória, não sentimos saudade”, ponderou.
Sobre ser ‘forte’ o tempo todo
Fabrício levou a plateia a se questionar quantas vezes já haviam sido chamados de ‘fortes’ ao serem submetidos a tarefas e jornadas pesadas, e elogiados por sua ‘resiliência’ em momentos difíceis. Para o palestrante, ser encorajado dessa maneira é uma forma de ‘exploração’.
Conforme explicação, se permitir ser ‘fraco’ é reconhecer e estabelecer seus limites, para que não tenha que aceitar tudo que se é imposto em nome de manter uma imagem.
“Você é chamado de forte para ter que aguentar tudo sozinho, sem poder pedir ajuda. Quem é forte, quebra. Quem é forte, adoece. Só a sensibilidade nos protege. Só a fraqueza nos protege. Porque quem é vulnerável vai conhecer seus limites e vai falar ‘não quero, não mereço’. Aprendam a dizer não. Nem tudo é para nós”, pontuou.
Uma questão de tempo
“Que vida é essa, em que a gente só encontra nosso melhor amigo uma vez por mês?”, foi com esse questionamento, que Fabrício abordou em sua palestra a importância de dedicar tempo às pessoas que ocupam um espaço importante em nossa história, pontuando que ‘nenhuma fantasia será melhor que a presença’.
Em sua fala, o escritor destacou que somos ensinados que tempo é dinheiro, mas que só entendemos como dinheiro, as cédulas que possuem alto valor, enquanto as moedas ficam perdidas no bolso. Ele exemplificou que o mesmo acontece com o tempo, do momento em que paramos de valorizar os ‘momentos quebrados’, que poderiam fazer toda uma diferença no dia a dia.
Basicamente, Fabrício tentou mostrar para a plateia que muito mais vale dedicar 10 ou 15 minutos presente na vida de quem se ama, do que ficar adiando sua presença por achar que precisa de uma hora inteira.
“A gente só se interessa pelos momentos inteiros, e os momentos quebrados a gente não dá bola. Quinze ou 20 minutos, era o tempo de recreio da escola, e a gente dançava, jogava bola, conversava, ia no banheiro, realizava uma tarefa pendente. Quantos recreios estamos jogando fora em nossa vida? Porque a questão nunca foi quantidade, sempre foi intensidade, sempre foi qualidade”, ponderou.
EmpreendeFest - No segundo dia de evento, nesta quinta-feira (3), a atriz e empresária Giovanna Antonelli irá compartilhar os passos para construir uma gestão assertiva do negócio, além de dicas sobre marketing pessoal e produtividade. Junto com a atriz, compõem o elenco de palestrantes Isabela Matte, influenciadora digital e empreendedora; Murilo Gun, palestrante em eventos nacionais e internacionais; e Marcos Piangers, influenciador, escritor e pai.
O evento acontece no no Bosque Expo, no Shopping Bosque dos Ipês. Mais informações você confere clicando aqui.
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