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Comportamento

Empatia é a palavra chave para começar 2020 se colocando no lugar do outro

Mais um ano inicia, desta vez com 366 dias para estender a mão ao próximo e tornar Campo Grande uma cidade melhor

Alana Portela | 01/01/2020 07:47
O abraço foi o remédio para confortar o coração do soldado que havia acabado de perder a família num acidente de carro (Marcos Maluf)
O abraço foi o remédio para confortar o coração do soldado que havia acabado de perder a família num acidente de carro (Marcos Maluf)

A palavra chave de 2020 com certeza é “Empatia”. Um novo ano inicia, desta vez, com 366 dias e muitas chances para estender a mão ao próximo. Não tem mistério, basta se colocar no lugar do outro e imaginar como se sentiria caso estivesse passando mal na rua. Sua resposta é abraço? Então abrace! É vontade de falar? Converse! Ir ao médico? Leve ao pronto socorro! São pequenos passos para tornar Campo Grande uma cidade melhor.

Já ouviu alguém dizer que campo-grandense é mal educado? Pois é, moro aqui há seis anos e essa foi minha primeira impressão quando cheguei à cidade. Na época, pensei que fosse preconceito já que toda mudança gera desconforto, mas conversando com outros “novatos” ouvi a mesma reclamação.

No dia a dia, presenciei várias situações, como pessoas reclamando por uma mãe com filho pequeno ter preferência na fila do supermercado. Observando os clientes, ouvi os rumores de “deixa a criança no chão e espera como todos”. Outra cena comum é crianças chorando, se jogando no chão, nervosa. A falta de empatia faz muitos chamarem a atitude de birra, sem pensar que a ação pode ser um pedido desesperado por socorro.

Eloisa segurando a bola que ganhou ao lado do pai e na frente da mãe, Rosana Yamaushi (Foto: Alana Portela)
Eloisa segurando a bola que ganhou ao lado do pai e na frente da mãe, Rosana Yamaushi (Foto: Alana Portela)

“Minha filha Eloisa tem autismo, passamos por vários momentos complicados. Fomos em muitos locais onde as pessoas nos olhavam torto, não gostavam da presença porque ela precisa de uma atenção especial e acabam excluindo a gente. Deviam ter mais paciência, compreensão com o próximo”, diz Rosana Yamaushi.

Ela mora com a família no bairro Octávio Pécora, mas relata que no local não tem nenhum espaço com atendimento acolhedor. Nesta semana, Rosana e a filha estiveram na Cidade do Natal, que abriu mais cedo para atender pessoas com deficiência. Por lá, a emoção tomou conta do coração da mãe ao ver Eloisa interagindo e brincando com outras crianças, longe dos olhares “tortos”. O momento foi da pequena, mas o presente quem ganhou foi à mãe.

Ana Sauter é mãe de uma menina com autismo e criadora do grupo "Amar", para pais com filhos com autismo conversarem e trocar ideias, e comenta que 2020 precisa de inclusão e amor. “Essas são as palavras. Olhe sem julgar, se ver uma criança se debatendo no chão, pense que talvez ela esteja precisando de ajuda, pois pode ter alguma deficiência”.

É o começo de mais um ano e Ana quer entrar em 2020 com o pé direito, abraçando a causa e enfrentado o preconceito.

Etair Aparecida Vieira ao lado do filho, Nestor que ganhou uma bola na casa do Papai Noel (Foto: Alana Portela)
Etair Aparecida Vieira ao lado do filho, Nestor que ganhou uma bola na casa do Papai Noel (Foto: Alana Portela)

Nestor Vieira é autista e tem 35 anos. Desenvolveu bem a fala, é simpático foi curtir o fim de 2019 na Cidade do Natal, onde ganhou uma bola e andou na roda gigante. Pela primeira vez, sentiu-se abraçado, não ficou com medo e nem quis sair do local correndo. “Estou feliz, conheci o Papai Noel e vou brincar com meu presente. Gostei de ver a cidade lá de cima da roda e agora meu sonho é conhecer Belo Horizonte”, conta.

A animação era tanta, que contagiava todos a sua volta. O momento de inclusão fez muitos compartilharem o mesmo desejo, e até fazer dele uma meta para 2020.

Ao ver o filho empolgado, a mãe Etair Aparecida Vieira sorriu contente. “A empatia está melhorando. Antigamente muitos não aceitavam o problema do outro, agora estão conhecendo mais sobre o autismo. Contudo, penso que se tivéssemos mais locais inclusivos seria melhor, assim as pessoas teriam mais contato e conheceriam mais sobre”, fala.

A empatia também é muito importante nos momentos de desespero. Em 2018, aconteceram vários acidentes de trânsito na Capital que resultaram em morte. Um desses foi o caso do casal que colidiu na árvore e não resistiu. Quando os familiares souberam na notícia, correram para o local em choque sem saber como reagir. Foi num clique que o fotógrafo Marcos Maluf registrou o abraço que uma pessoa deu no irmão da uma das vítimas. A imagem é a capa da matéria e transmite o sentimento acolhedor.

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O abraço ainda é o melhor remédio e pode ajudar o próximo (Foto: Kisie Ainoã)
O abraço ainda é o melhor remédio e pode ajudar o próximo (Foto: Kisie Ainoã)
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