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Comportamento

Empresa dará folga para mulheres que sofrem com menstruação

Licença menstrual irá garantir que trabalhadoras tenham dois dias de folga caso apresentem sintomas intensos

Aletheya Alves | 07/03/2023 07:22
Mulheres poderão solicitar licença menstrual em empresa de Campo Grande. (Foto: Alex Machado)
Mulheres poderão solicitar licença menstrual em empresa de Campo Grande. (Foto: Alex Machado)

No último mês, a discussão sobre licença médica para mulheres que sofrem com cólicas menstruais voltou à tona após a Espanha aprovar o benefício. E, em Campo Grande, uma empresa de tecnologia também decidiu implementar a folga remunerada para as mulheres que estiverem sofrendo com sintomas do período menstrual.

Por aqui, a empresa informou que a licença menstrual irá valer a partir do Dia Internacional da Mulher (8) e funcionará como folga de dois dias. Para solicitar o benefício, as trabalhadoras que se sentirem afetadas com dores excessivas ou outras complicações não precisarão de atestado médico.

CEO da Digix, Suely Amoas conta que a ideia surgiu após ler um livro e pensar em como poderia “cuidar” das mulheres que trabalham na empresa durante o período menstrual.

Explicando sobre como será o funcionamento do benefício, ela detalha que caso a pessoa sinta os sintomas do período menstrual, como cólicas, é necessário informar a empresa. “Que solicitará um dia de licença menstrual e enviar um e-mail para o Departamento Pessoal e Recursos Humanos. Caso os sintomas permaneçam, será necessário realizar o mesmo procedimento”.

CEO da empresa, Suely (do lado esquerdo) comenta sobre a importância da decisão. (Foto: Alex Machado)
CEO da empresa, Suely (do lado esquerdo) comenta sobre a importância da decisão. (Foto: Alex Machado)

Para a licença, também não será necessário emitir um atestado, conforme a gestora explica. “Porque queremos acolher as pessoas que menstruam e permitir que elas possam ser elas mesmas. Acreditamos no que cada pessoa sente neste período e não queremos burocratizar os processos”, diz Suely.

Pensando nos resultados, ela comenta que não há como prever os impactos, mas a equipe acredita que aumentando o bem-estar das mulheres, a produtividade também melhorará. “Já que com a licença evitaremos o presenteísmo, que se configura na presença do colaborador em seu local de trabalho, sem que ele consiga se dedicar totalmente às suas tarefas. Caso haja algum impacto negativo, vamos reavaliar, planejar e corrigir os erros, assim como já atuamos em todas as nossas atividades”.

Publicitária, Josiane Flores trabalha com endomarketing na Digix e explica que, pessoalmente, o período menstrual sempre foi uma experiência bastante ruim. Por isso, na prática, a licença vai ser uma oportunidade de realmente se cuidar.

“Sinto muitas dores, principalmente cólica e enxaqueca, as cólicas são bem intensas, nos primeiros dias até evito atividade física por conta das dores, só melhora tomando remédio e ficando em repouso, a lombar que lute! Nos primeiros dias do ciclo me sinto muito cansada, até porque meu fluxo menstrual é muito intenso, nos dois primeiros dias me sinto desgastada e isso impacta na minha produtividade”, detalha Josiane.

Josiane atua com endomarketing na empresa e comenta sobre importância da nova política. (Foto: Divulgação)
Josiane atua com endomarketing na empresa e comenta sobre importância da nova política. (Foto: Divulgação)

Sobre a evolução dessa pauta em outras empresas, ela comenta que os pequenos passos dados são importantes quando pensamos em um cenário geral. “A Digix ter se posicionado sobre essa pauta que é tão importante, proporcionando para as colaboradoras uma oportunidade de ter esse autocuidado, é questão de saúde e promove mais dignidade às pessoas que menstruam. Nós precisamos falar sobre isso, menstruação não deveria ser um tabu”.

E, por não ser necessária a emissão de um atestado médico, Josiane relata que sente a transparência entre trabalhador e empresa aumentar. “Me sinto mais livre e confortável em falar que não estou me sentindo bem. É a construção de um ambiente seguro e isso faz toda a diferença”, completa.

Também trabalhando na empresa, Rute Benedita, de 20 anos, relata que quando era mais nova não sentia os sintomas. Hoje, o cenário mudou e poder trabalhar em uma empresa que oferece o afastamento parece sonho.

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A sensação que tenho nos primeiros dias é que meu corpo está muito pesado, é difícil até mover um músculo. Eu trabalho no formato híbrido e no meu ciclo passado tive tanta dor que cheguei a perder o ar, comenta Rute.

Por passar parte do período em home office, ela relata que consegue fazer uma pausa para esperar a dor passar momentaneamente. Mas, como as dores não marcam hora para aparecer, o retorno ao serviço precisava ocorrer apesar da indisposição.

Além das dores, Rute explica que outros fatores relacionados à menstruação também impactam na performance do trabalho. “Tem também o fluxo que geralmente no início da menstruação é muito intenso e quando estou presencial fico neurótica com medo de ter manchado a roupa ou simplesmente querendo tomar um banho”.

Pensando nisso, ela comenta que a licença é algo primordial pensando nesse período, “você está literalmente sangrando sem parar e ter que sair de casa nesses dias é muito desconfortável”, diz.

Apesar de comemorar a nova política na empresa em que trabalha, ela comenta que não vê esse cenário se tornando comum tão cedo. “É necessária muita empatia para reconhecer que reduzir seu quadro de funcionários, mas priorizar a saúde física e mental dos colaboradores é prioridade. Precisa de muita maturidade”.

Segundo a assessoria, 503 mulheres trabalham atualmente na empresa e representam 63% do quadro de colaboradores.

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