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Comportamento

Entre idas e vindas, há 10 anos Allifer é rei do funk e lição em hospital

À espera de transplante, menino que faz tratamento renal é dose diária de esperança pelo sorriso e animação

Thailla Torres | 13/12/2021 09:10
Esse é o Allifer com seu óculos novo, pedido feito ao Papai Noel. (Foto: Paulo Francis)
Esse é o Allifer com seu óculos novo, pedido feito ao Papai Noel. (Foto: Paulo Francis)

O último dia de 2010 não poderia ter sido melhor para Jossiane Bezerra Golçalves, hoje com 36 anos. Naquele dia 31 de dezembro, ela disse oi para o maior amor que já sentiu na vida: o filho Allifer, que chegou ao mundo pequenininho e inundou o coração da mãe de esperança. Meses depois, ela e o filho iniciaram uma batalha pela vida juntos, depois que ele foi diagnosticado com uma doença renal grave e rara.

Desde então, corredores de hospital, médicos, enfermeiros, medicações e procedimentos para trazer qualidade de vida ao filho são muito familiares para a mãe. Jossiane confessa que não se lembra de uma vida diferente, longe da rotina que leva com o filho e também não tem saudade. “A única vida que eu tenho é com ele e não penso em ter algo diferente. Minha luta é aqui dentro, pela saúde dele e pela cura dele”, descreve a mãe emocionada.

Por telefone, Jossiane faz pausa para conter as lágrimas ao falar de Allifer. Embora o coração sonhe com uma rotina longe do hospital, ela se emociona ao ver que, com 10 anos de idade, é o menininho que dá uma lição de esperança nela e em muitos a sua volta. “Não tem quem não se emocione com a alegria dele. Se eu não falasse, em alguns momentos, você acharia que ele não tem nada, de tanto que ele é feliz e faz de tudo pra ser feliz”.

Jossiane e Allifer são de Dourados, mas eles já peregrinaram por muitos hospitais, especialmente em São Paulo. Agora, eles estão vivendo no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian para o tratamento, enquanto o transplante não vem.

Aos cinco meses de vida, o menininho foi diagnosticado com cistinose nefropática, uma doença genética rara, caracterizada pelo acúmulo de cristais de cistina em todo o organismo, principalmente, nos rins e nos olhos. Afeta aproximadamente um a dois indivíduos a cada 100.000 nascidos vivos.

“Desde então, ele vive à base de remédio. Houve um tempo em que ele chegou a tomar 10 remédios por dia. Dos 7 meses de vida até os 9 anos, a gente fez tratamento em São Paulo. Há um ano e meio, ele passou a fazer diálise e todo esse tempo foi uma luta. Há 10 anos, estamos à espera de transplante”.

A doença também causa sensibilidade nos olhos de Allifer, que tem dificuldades de enxergar na claridade, por isso, neste Natal, seu pedido ao Papai Noel foi um óculos escuro. Na semana passada, o Papai Noel se antecipou e deixou o modelo para o menino, presente de uma pessoa que amou saber da alegria dele, independente dos desafios.

“Ele é assim, encanta todo mundo, ninguém segura. Não pode ouvir um funk que adora dançar e a gente fica apaixonada de ver”.

Allifer ao lado da mãe Jossiane, no Hospital Universitário, onde está internado atualmente. (Foto: Paulo Francis)
Allifer ao lado da mãe Jossiane, no Hospital Universitário, onde está internado atualmente. (Foto: Paulo Francis)

O diagnóstico do filho não é simples. Jossiane sabe que o tratamento pode durar anos e ela vai precisar frequentar o hospital por muito tempo com o filho, mas ela não desiste um minuto. “Eu não vou desistir nunca, ele é a minha vida. Às vezes, eu nem tenho condições de comprar os remédios, é tudo muito caro e, por várias vezes, precisamos de ajuda, mas nada disso me abala. Meu único sonho é continuar vendo o sorriso do meu filho, ele é quem me ensina todos os dias”.

Por enquanto, mãe e filho vão continuar na Capital para as sessões de hemodiálise e Jossiane busca ajuda para sua permanência por aqui. “Certamente, vou ter que ter um lugar para ficar, por enquanto, estou dormindo no hospital. Mas não vai dar pra ficar indo e vindo de Dourados, então, vamos permanecer aqui e fazer o possível para que ele fique melhor”.

Depois de ganhar o óculos, perguntamos que outro presente deixaria mãe e filho felizes, e não foi preciso de tempo para responder. “Sem dúvida, o transplante, acho que vai ser o dia mais feliz das nossas vidas”.

Quem quiser ajudar Allifer e Jossiane, pode entrar em contato com ela pelo WhastApp (67) 99694-6702.

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