Eudirce achou que morreria, mas fez 2 livros com novo olhar sobre a vida
Em 2020, a psicóloga ficou dias internada com covid-19 e sem expectativas de receber alta, mas sobreviveu
Poetisa por opção é como Eudirce Isabel dos Reis Fiorese, de 62 anos, prefere se definir. Em 2020, a psicóloga ficou dez dias internada com covid-19 e sem expectativas de receber alta. A experiência dela virou dois livros diferentes, sendo o mais recente Cálice de versos livres.
Guerra das Centelhas, publicado em 2021, aborda o período que ela esteve no hospital e acompanhou de perto os danos da pandemia. “Eu via os profissionais de saúde muito abalados, fragilizados e esgotados pelo trabalho incessante e a perda diária de seus pacientes. Eu, ali no meu isolamento vendo tanto sofrimento tão perto de mim, decidi escrever um livro que retratasse o que nós estávamos vivendo no momento”, explica.
Lançado na semana passada, Cálice de versos livres é o terceiro da carreira da escritora. Dessa vez, o livro traz outra perspectiva sobre a vida, sendo que a experiência transformadora de 2020 também é fonte de inspiração. “É um livro de poesia que retrata o íntimo das pessoas, enaltece a vida e a natureza e contém também crônicas comportamentais versando sobre o cotidiano das pessoas no mundo atual”, afirma a psicóloga.
Dez dias no hospital - Apesar dos cuidados que tomou, ela teve covid-19. De casa, ela foi encaminhada de ambulância em direção ao hospital. “No início achei que fosse dengue e testei negativo para covid-19, mas os sintomas foram aumentando e só no quarto dia testei positivo. Já estava muito fraca, desidratada e com mais de 60% do pulmão comprometido. Fui de ambulância direto para o Hospital e lá já me colocaram no oxigênio”, comenta.
Na ocasião, ela recorda que foi submetida a diversos exames invasivos, como a gasometria. Desacreditada, Eudirce revela que ficou com medo de não sobreviver. “No início eu achei que não sairia viva do hospital, pois os médicos não me davam nenhum prognóstico. Diziam que cada organismo reagia de modo diferente à medicação”, fala.
No ambiente hospitalar, ela presenciou o sofrimento dos sobreviventes e daqueles que perderam familiares. Por meio de áudio, ela ia gravando as observações que fazia. Depois de 10 dias, a escritora diz que foi mandada para casa. “Eu estava bem melhor e o médico me deu alta para continuar o tratamento em casa, já que os hospitais estavam lotados e necessitando de vagas”, esclarece.
Na visão da escritora, escrever é um processo natural e uma forma de expor questões e sentimentos. "Eu tenho que escrever, são coisas que ficam martelando na minha cabeça e, enquanto não escrevo, não para. É uma coisa natural, nunca tive aula de poesia. Sempre fui muito autodidata", destaca.
Passada a internação em 2020, hoje, a psicóloga fala que tem outra perspectiva sobre a existência. “Passamos a dar importância para coisas que a gente não conseguia enxergar como essenciais na vida, coisas que eram automáticas e agora conseguimos sentir. Olho pela janela e valorizo toda a paisagem que antes era morta, valorizo os sinais que a vida coloca na nossa frente o tempo inteiro e muitas vezes não temos tempo para enxergar”, conclui.
Publicados pela Life Editora, os livros de 2019 (Meu coração poético), 2021 e 2022 podem ser adquiridos no site.
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