Ex-morador de rua cuida de praça para retribuir apoio de moradores da região
Uma intervenção feita com pedras na Praça das Águas, na Avenida Afonso Pena, chama atenção para um lugar que parece abandonado. No gramado, a mensagem "#Salve a Natureza” foi pintada de branco por um ex-morador de rua. É um protesto no local onde não há bancos ou lixeiras, por exemplo. As grades estão quebradas e, a contar pelas pichações, há mais vândalos do que gente passeando.
A praça deveria servir para diversão, caminhadas e pratica de esportes, mais parece que foi aberto para nada. Jonne da Silva Espírito Santo, de 31 anos, foi quem decidiu descer até as margens do rio, pegar as pedras e fazer a “obra de arte”.
“Esse lugar é maravilhoso, temos uma riqueza dentro da cidade e ninguém cuida”, justifica. Jonne conta que hoje mora em um espaço cedido por um comerciante, perto da praça. Atualmente trabalha cuidando dos carros e se dedica a manter a praça limpa, enquanto muitos não respeitam e insistem em jogar lixo.
Ele é de Cuiabá, mas veio para Capital em busca de salvar um relacionamento que acabou não dando certo mesmo. Revelou que durante muito tempo usou drogas, mas garante que há 3 anos se livrou da dependência.
“Eu confesso que perdi muito tempo da minha vida, mas acredito que todo mundo merece uma nova história. E ganhei a confiança das pessoas aqui na região, por isso peço tanto para cuidar dessa praça”, conta.
Cheio de confiança, ele espera melhorias que possam garantir o uso da praça pública que é um direito de todos. “De manhã vejo idosos caminhando, mas não tem uma academia ao ar livre, não tem bancos para descanso e nem lixeiras. Aí as pessoas acabam jogando lixo no chão”, esclarece sobre a falta de consciência.
Para não deixar de praticar exercícios, além da consciência para não poluir a região, Jonne sua própria academia ao ar livre. Com tocos de madeira, que ele buscou na região, e pedras, ele faz diariamente os próprios exercícios. “Isso daqui é meu crossfit artesanal”, brinca, exibindo a força ao levantar e rolar os troncos de madeira.