Faixa preta, Maria começou no karatê levando netos para aula
Aos 80 anos, ela conquistou nesta semana a faixa após 15 anos praticando o esporte
Maria Auxiliadora Lopes Buccini, de 80 anos, levava os netos para o karatê semanalmente até que decidiu fazer uma aula. 15 anos depois, a professora universitária aposentada conquistou nesta semana a faixa preta.
Para quem nunca tinha praticado nenhuma modalidade de esporte, Maria encontrou sentido no karaokê. Através de uma ligação, ela conta com a voz bem animada como foi aquele primeiro dia de aula e como o apoio da família foi essencial para que a conquista da faixa fosse concretizada.
“Eu tinha 65 anos quando comecei a levar os meus netos o Vitor e Rafael. Eles deviam estar na faixa dos cinco, seis anos. Eu levava os meninos e aguardava o término da aula sentadinha, admirando. Depois de algum tempo, conversei com o sensei Hélio e pedi pra ele fazer a primeira parte da aula que consistia em alongamento e aquecimento”, recorda.
Veja o vídeo:
Após ouvir do professor que tinha condições de fazer não só a primeira etapa da aula, mas todas as seguintes, Maria ficou surpresa e decidiu tentar. “Eu falei: ‘Já sei, vou fazer o primeiro movimento e parar’. Mas eu comecei a gostar daquilo porque o karatê não é só movimento. É uma filosofia de vida”, afirma.
A explicação sobre essa filosofia de vida, a professora aposentada tem na ponta da língua. Segundo ela, o sensei Hélio Arakaki é responsável por desenvolver a metodologia ‘karatê tridimensional’ que trabalha corpo, mente e espírito. “Através dessa metodologia ele busca passar para os alunos esse equilíbrio como ser humano. Isso pra mim foi fundamental”, destaca.
A metodologia do sensei fez com que Maria conseguisse se ver fazendo os exercícios do karatê e progredisse faixa a faixa. Na arte marcial japonesa, ela também encontrou outro sentido que vai além do tripé ‘corpo, mente e espírito’.
A professora universitária explica como a área de formação contribuiu para que estabelecesse uma relação mais próxima com o karatê. “Eu procuro entender as coisas que faço para dar o melhor de mim em tudo. Sempre trabalhei com literatura, sempre trabalhei muito com as palavras e eu tinha aquela necessidade de encontrar o valor das palavras dentro de um contexto. Isso me ajudou a entender melhor o karatê quando o professor falava do foco”, diz.
O foco, a observação e a atitude de atenção atraíram a professora que acredita que o karatê é ‘a palavra em movimento’. Nos últimos 15 anos, Maria ficou sem comparecer às aulas somente por questões de saúde, viagens, mas sem nunca deixar completamente o tatame e o kimono.
Na última terça-feira (12), ela prestou o exame diante da banca avaliadora da Federação de Karatê de Mato Grosso do Sul composta por Cícero Muniz, Antônio Moura e Hélio Arakaki. “Fiquei muito nervosa no dia do exame, mas graças a Deus consegui”, destaca.
A conquista de Maria foi celebrada por todos os familiares e pelos netos que a fizeram conhecer o karatê. A paixão da professora pela arte marcial é tanta que ela influenciou o marido Ernesto Buccini a praticar. “Ele começou com 79 anos e agora tá na faixa amarela”, comenta.
A trajetória percorrida até aqui, segundo Maria, é algo que nunca imaginava que poderia acontecer. O sentimento é de orgulho por jamais ter desistido.
“Nunca desisti. Isso que achei fantástico, uma prática ter meu amor, entrega e comprometimento. Onde eu ia pensar que iria fazer toda essa caminhada, passei por todas as faixas, exames até chegar a faixa preta. Foi difícil o caminho, mas não desisti”, frisa.
No fim, Maria deixa um convite para que outras pessoas, principalmente da melhor idade, façam uma aula para conhecer o karatê.
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