Filha conquistou profissão que fez pai viver pela saúde até na pandemia
Robson foi voluntário na linha de frente e inspirou filha que no aniversário do pai celebrou vaga em Medicina
Dois anos após perder o pai para a covid-19, Marina Yumi de Assis Fukuda conquistou a vaga para a profissão que fez Robson Yutaka Fukuda viver pela saúde até no auge da pandemia. Cirurgião vascular, Robson foi voluntário na linha de frente contra a covid-19 e emocionou tanto amigos quanto a família durante a luta pela saúde pública.
“Eu fico muito feliz de estar comemorando essa vaga, de receber mensagens de tantos amigos do meu pai, mas ao mesmo tempo tem uma tristeza. Meu pai era como se fosse meu mentor”, resume Marina.
Estudando desde 2018, a filha explica que celebrar o resultado da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) tem sido ainda mais emocionante por grandes coincidências. “No dia 28 de fevereiro, quando saiu o resultado do Sisu, foi aniversário de namoro dos meus pais. Dia 1º de março, que estou comemorando tudo isso, seria o aniversário dele”.
Apesar de ter escolhido Medicina, Marina se orgulha de dizer que o pai nunca impôs a profissão. Pelo contrário, incentivava que os filhos fizessem suas escolhas e, nas palavras da estudante, que todos sempre buscassem “conhecer o mundo, estudar, se questionar”.
Tanto é que antes da escolha pelo ramo da saúde, ela chegou a cursar Ciências da Computação. Mas, no caminho, recebeu apoio da família para justamente questionar se aquilo era o que ela realmente queria.
“Meu pai era uma pessoa muito reservada, ele não falava muito sobre a vida profissional, mas ao mesmo tempo sempre foi extremamente paciente com a gente. E quando eu falei que queria fazer Medicina, ele ficou bastante feliz, mas logo disse que eu precisaria ser forte”, a filha explica.
Puxando na memória esse momento, Marina detalha que Robson explicou que entrar na Medicina seria também entrar para um momento de maior maturidade. “Me lembro que ele disse que eu precisaria ser forte por mim mesma. Durante a adolescência, eu não sabia o que queria fazer, e ele disse que precisaria amadurecer”.
Além do pai ser internado em 2020, ela comenta que já havia perdido o avô no início da pandemia, por outra doença. Pensando no tempo que se passou desde então, a filha narra que essa maturidade e força se mostraram necessárias de um jeito doloroso.
“Nunca imaginei que fosse perder meu pai e meu avô, foi muito difícil viver esse luto. Cheguei a pensar em desistir várias vezes da Medicina, mas algumas pessoas me incentivaram a continuar tentando. Vi que precisava mesmo ser forte, de verdade”, detalha Marina.
Definido pela família e amigos como um defensor da saúde pública. Robson faleceu no dia 10 de janeiro de 2021. Andreia relembra que na semana em que o marido foi internado, em dezembro de 2020, ele se preparava para passar o Natal com a família.
“Ele estava morando nos fundos da minha clínica enquanto trabalhava e iria passar as férias conosco. Alguns dias antes de começar a sentir os sintomas e ser internado, ele iria para casa, mas decidiu ficar na clínica por alguns dias para ter certeza de que estava bem”, comenta Andreia.
Voltando aos anos que compartilhou com o marido, Andreia narra que apesar de ser uma pessoa “na dele”, sempre foi muito dedicado à família e conhecia extremamente bem cada um dos filhos. “Ele foi aquele pai que trocou fralda, que brincou, que estava junto de verdade. Quando Marina contou que queria fazer Medicina, ele ficou muito pomposo, me lembro do sorriso dele”.
Hoje, apesar da dor da perda ainda existir, a esposa comenta que o momento é de felicidade. “Sei que ele está sentindo essas ótimas vibrações, se ele estivesse aqui, estaria extremamente feliz”.
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