Há 22 anos, Luiz alegra as Moreninhas com garapa e prosa boa
Sem pensar em parar de trabalhar, garapeiro é figura famosa entre os moradores do bairro
O garapeiro Luiz Cassiano, 87 anos, é um senhorzinho simpático que conquistou uma clientela fiel de diferentes gerações. Há 22 anos, o homem chegou para ficar nas Moreninhas, viu crescer a 1, surgir a 2, a Moreninha 3... e ali fez fama com a garapa gelada e a prosa boa. Ele mantém a barraca no cruzamento das ruas Anaca e Barreiras, onde vende o caldo de cana tradicional e com acréscimo de limão, abacaxi, ou ambos.
Natural de Rinópolis, interior de São Paulo, Luiz trabalha no local de segunda a domingo, das 8 às 12h. “Esse é o servicinho que posso fazer, garaparia, essa é a minha vida, na sombra”, ri. Depois que termina de trabalhar, ele volta para a residência e diz não “fazer mais nada, só descansar”.
Orgulhoso, o senhor revela que, há uns anos, fez curso para aprimorar os conhecimentos na área da garaparia. “Faz uns dois anos, fiz duas vezes, mas desmazelei e não fiz mais. Eu aprendi muitas coisinhas, muito negócio de limpeza, cobrir e não deixar destampada a garapeira”, explica.
Além do cuidado com o preparo, Luiz também organiza o espaço onde mantém a barraca. Na calçada, ele disponibiliza mesas e cadeiras para os clientes sentarem e ficarem à vontade tomando o caldo de cana. Quem quiser passar e levar, Luiz vende a garapa na garrafinha, mas pede para os moradores trazerem o objeto de casa.
Pai de seis mulheres, sendo uma falecida, Luiz chegou ao bairro depois de ganhar uma residência de presente das filhas. “Eu não tinha condições de comprar casa lá em Rinópolis e duas delas moravam aqui (Moreninhas). Eu falei pra elas: 'Se vocês arrumarem uma casinha para mim, eu vou embora'. Na outra semana, compraram a casinha”, conta.
Para quem acompanhou as mudanças e o crescimento do bairro, Luiz brinca que não pode andar sozinho na região. “A gente se perde na Moreninhas agora, de tanto que cresceu. Eu que moro aqui, se vou lá pro fundo, na volta, me perco”, brinca.
Bem-humorado, o garapeiro sabe da fama que tem no bairro. Ele comenta que faz parte da rotina ouvir diversas pessoas o cumprimentando. “Mais o povo conhece mais eu, do que eu conheço o povo. Às vezes, passam aí e gritam: Ô, eu Luiz”, fala.
Questionado sobre quando pretende parar de vender garapa e fechar as portas, o homem é enfático. “Não penso em parar de vender não, de jeito nenhum. “Eu adoro, não é à toa que tô aqui há 22 anos”, conclui sorridente.
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