Há 3 anos, irmã abriu mão de tudo para cuidar de Luciana, mas precisa de ajuda
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A cena choca e também sensibiliza. Sentada no sofá e cabisbaixa, Luciana segura em uma das mãos um paninho de boca, enquanto a outra repete movimentos ora na barriga, ora na perna, como quem quer expressar em gestos a dor de estar assim. No armário da sala de TV, uma das fotos mostra uma mulher de cabelos compridos, um semblante sério, de alguém que tinha vida, trabalho e família. Bem diferente da paciente que não nos olha nos olhos dali.
Três anos se passaram desde que Luana abriu mão da própria vida. A casa da irmã passou a ser a dela durante o dia todo. Depois que o sobrinho adolescente vai para a escola, ela toma conta. Dá banho, comida, troca fralda, veste e conversa. Muitas vezes em vão.
Luciana tem 34 anos. Luana, 29. Irmãs, as duas moram no bairro Vila Romana, em Campo Grande. Se não fosse pelas crianças de Luana, a casa seria muito mais silenciosa. Talvez expressasse apenas a agonia de Luciana, que volta e meia tenta pronunciar algumas palavras.
Luana explica que a irmã está acamada por conta de um tumor na cabeça, operado e que deixou sequelas há três anos. Uma delas foi a paralisia do lado esquerdo do corpo. Nestas horas, quem ficou foi apenas o filho, à época com 13 anos e a irmã. "O marido dela abandonou", diz Luana da Silva Pereira.
Luciana procurou os médicos depois de muitas dores de cabeça e vômito, que antecederam convulsões e desmaios. "Ela saiu de casa em coma, praticamente". Foram cerca de 6 meses internada no hospital para sair não se dando conta de tudo que ocorre à sua volta.
Os dias passam e Luciana alterna entre o sofá e a cama. Boa parte do tempo ela fica deitada, quase dormindo. A irmã diz que ela entende, fala e em momentos de causar tristeza a quem escuta, pergunta o que lhe aconteceu. "Tem dia que eu acho que a memória falha e eu tenho que explicar que ela operou e ficou assim", narra Luana. Memória que falha ou que não quer acreditar.
"Mudou tudo. Eu ficava na minha casa, ela na dela, era aquela correria normal, mas a gente se via todo dia. Agora, tudo passou e tão rápido. Eu nem vejo os dias passarem", conta Luana. Ela não esconde que teve de deixar a família de lado, um pouco, para dar toda essa atenção à irmã.
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Mas agora a preocupação bate e por outras coisas: a prestação da casa, dos programas do Governo Estadual, está em atraso e com a greve do INSS, a irmã tem receio de não receber o benefício que paga as contas de água, luz e compra a comida de Luciana.
"A cada 6 meses a gente tem que levar os documentos lá e com a greve, ela não vai receber", diz a irmã. Luciana era costureira, super ativa e companheira. Nessa hora que Luana pede para que uma das fotografias da estante seja apanhada. A surpresa é ver que as lágrimas de Luana escorrem ao olhar a fotografia. "A gente chora e fica muito triste. Ela era tão ativa, tão alegre..." E de fato, nem parece que estamos falando da mesma pessoa.
A última conversa entre as duas foi um pedido de Luciana. A irmã, antes da cirurgia, pediu à Luana que voltasse de viagem logo. "Foi vem logo, foi a nossa última conversa". Quando as lágrimas de Luana escorrem mesmo e os soluços tomam conta, Luciana se aproxima com a mão, uma forma de tentar acalmar a irmã. E um dos carinhos mais sinceros que a gente já presenciou. Talvez, tenha sido um muito obrigada, dito com as mãos.
Para quem quiser ajudar a família, os telefones de contato são: 9306-5814 e 9113-2033. O endereço é Rua Otávio Augusto, 158.