Há 5 anos, José pedala mais de 20 km para fazer doação de alimentos

Todo mês, José Pereira Neto, de 70 anos, faz uma compra caprichada no mercado. O aposentado enche o carrinho e depois doa os alimentos para o Asilo São João Bosco e AACC/MS (Associação dos Amigos das Crianças com Câncer). Para fazer a boa ação, ele sai do Bairro Los Angeles de bicicleta em direção às instituições, que ficam nos bairros Tiradentes e Orfeu Baís.

Desde 2018, a pedalada mensal faz parte da rotina de José que ajuda sem esperar nada em troca. Durante o ano, ele explica que reveza as doações entre os dois locais. “Um mês vou no asilo e no outro na AACC. Mês passado estive na AACC e nesse foi no asilo”, diz.

Ao todo, José pedala 20 km para ir e voltar da instituição da Avenida Ernesto Geisel. Já o percurso até o asilo na Avenida José Nogueira Vieira é de 24 km. A bicicleta que tem mais de 50 anos é a companheira do aposentado que na garupa leva a caixa onde são colocados os alimentos para doação.

Como a pedalada é demorada, o benfeitor fala sobre a dinâmica que adotou. “Essa pedalada pra mim é bem legal. Eu saio daqui e levo a caixa vazia, mas não a compra. Eu faço a compra que fica lá pertinho porque é mais fácil fazer isso”, afirma.

Disposição e fôlego não faltam para o senhor que leva uma vida bem ativa. Como José não atendia o celular, o jeito foi ir à casa dele no Bairro Los Angeles. Antes de receber a visita, ele estava ocupado com a reforma do lar que faz sozinho de pouco a pouco.

É no portão da residência que José conta sobre a doação, a forma como é feita e o motivo de reservar um dinheiro só para isso. “Eu faço isso aí porque é muito importante. É um investimento que faço acumulando bens para a minha vida eterna. Eu vivo humanamente, humildemente, amando e praticando o bem sem interesse algum. A recompensa é Deus que me dá”, destaca.

Sem distinção, José faz a mesma compra para beneficiar as pessoas ajudadas pelas instituições. Depois de falar que compra só o básico, o morador entra na casa e volta com a nota do supermercado em mãos. Trigo, óleo, feijão, açúcar, fermento, arroz, macarrão e ovos são alguns dos itens.

A ajuda o morador relata que concede a quem de fato necessita. Enquanto puder, José garante que seguirá fazendo o que pode pelo próximo. “Eu posso e gosto de ajudar quem está precisando. A partir do momento que me aposentei, falei: ‘Bom, agora vou fazer o que posso durante a vida toda. O que puder ajudar, estou ajudando”, ressalta.

Contando um pouco da própria história, José revela que nasceu em Aquidauana, mas há anos mora em Campo Grande. Durante um tempo, ele trabalhou em fazenda e depois fazia pães de queijo e chipas para vender em frente ao Hospital Universitário.

Hoje, o aposentado se dedica ao serviço de construir a casa. “Tudo que você vê aqui é resultado da força de Deus e meu trabalho. Eu tô construindo isso aqui desde 2005. Deus e eu”, conclui.

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