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Comportamento

Há 50 anos, Cleo coleciona de fofoca a amizade sem deixar a 14 de Julho

O lugar é palco de conversas fiadas e crochê de todo tipo para ninguém se sentir sozinha

Suzana Serviam | 30/09/2021 08:05
Cleonice Rezende fazendo crochê na Casa das Lãs, loja que há 50 anos funciona na Rua 14 de Julho. (Foto: Suzana Serviam)
Cleonice Rezende fazendo crochê na Casa das Lãs, loja que há 50 anos funciona na Rua 14 de Julho. (Foto: Suzana Serviam)

Há 50 anos, uma das lojas mais antigas da Rua 14 de Julho segue em funcionamento e conta com o mesmo sorriso. Quem entra na Casa das Lãs, encontra Cleonice Rezende, de 73 anos, a dona da loja. Nas últimas cinco décadas, nem crise fez Dona Cleo abandonar a loja de aviamentos e hoje, se orgulha da coleção de risadas, receitas, amizades e um bocado de fofoca, “porque ninguém é de ferro”, brinca.

"Os clientes vêm comprar linhas e acabam ficando para conversar", acrescenta. Assim que o Lado B chegou ao local, havia uma roda de mulheres que tricotavam e batiam papo. Uma delas é Regina Helena Maciel de Almeida, de 72 anos. Sempre que pode, encara os dias quentes no Centro e tem como parada obrigatória a loja de Cleonice.

O diálogo que começou na compra de um curso de crochê, virou amizade há mais de 20 anos. "Descobri esse lugar, porque me indicaram e desde o primeiro dia, nunca mais parei de vir", diz Regina.

O curso surgiu após os primeiros 10 anos de vida da loja. Uma professora ficava disponível para ensinar qualquer um que quisesse aprender as técnicas do crochê. Cleonice conta que muitas mulheres participaram das aulas sob recomendação médica.

"Precisa uma certa concentração para bordar ou tricotar. Nesses momentos, a gente se desligava dos problemas e concentrava só nessa função. Acabava sendo terapia para todos", comenta Cleo.

Da esquerda para direita estão Regina, Cleonice e Ione. (Foto: Suzana Serviam)
Da esquerda para direita estão Regina, Cleonice e Ione. (Foto: Suzana Serviam)

É claro que a fofoca rolava solta entre as meninas, mas não só isso. O espaço virava local para troca de conhecimento sobre receitas familiares, desavenças, alegrias e tristezas. O clima mudava um pouco quando homens participavam das oficinas. Cleonice conta que muitas mulheres não gostavam, porque não se sentiam confortáveis para compartilhar questões particulares em meio aos rapazes. Mas os meninos apareciam poucos dias na semana.

Lugar de tradição, a Casa das Lãs era administrada também pelo marido de Cleonice, que há dois anos faleceu. Ele cuidava da loja na Maracaju e ela na Rua 14 de Julho. A diferença é que na loja do falecido marido eram vendidos apenas os produtos de fábrica. Já na loja de Cleo tinham os produtos artesanais.

Cleonice não sabe dizer por quanto tempo ficará com a loja em funcionamento, mas já almeja tirar um tempo para viver outras coisas, como fazer viagens e cuidar das plantas. "Imagina você trabalhar com a mesma coisa 50 anos? Quero descansar um pouco", revela. Enquanto isso, as portas ficam escancaradas para todos que desejam comprar aviamento e quem sabe, conversar sobre a vida.

Cleonice revendo a galeria de fotos dos encontros com os clientes e amigos. (Foto: Suzana Serviam)
Cleonice revendo a galeria de fotos dos encontros com os clientes e amigos. (Foto: Suzana Serviam)

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