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Comportamento

Há 7 anos, projeto com capoeira tira meninada da rua e traz esperança

Em quatro bairros, iniciativa visa preparar crianças no esporte e também na sociedade

Jéssica Fernandes | 02/03/2023 06:42
Projeto Resgate atende jovens e adultos no Bairro Tiradentes. (Foto: Jéssica Fernandes)
Projeto Resgate atende jovens e adultos no Bairro Tiradentes. (Foto: Jéssica Fernandes)

A roda de capoeira é animada, embalada pelo som do berimbau e o canto de alunos que durante três dias da semana treinam juntos. Há sete anos, o projeto Resgate realiza um trabalho social que visa tirar os menores da rua e da criminalidade nos bairros Tiradentes, Jardim Noroeste, Cristo Redentor e Taquaral Bosque.

As aulas são gratuitas e ministradas pelo idealizador e professor Paulo Sérgio Bairros da Silva, de 42 anos, o ‘Amazonas’. O supervisor da Associação Herança Cultural Capoeira no Mato Grosso do Sul começou a praticar o esporte cedo e hoje diz que passa adiante o que aprendeu com a capoeira.

“Eu comecei muito novo aos 12 anos de idade e o que eu faço hoje é retribuir aquilo que aprendi. Na época usavam a capoeira para tirarem muitos jovens do Tiradentes das ruas, do mundo da criminalidade. Hoje estamos os trazendo para que eles venham se ocupar. É nosso objetivo”, afirma.

Veja o vídeo:

O projeto é uma iniciativa dele vinculada à associação que foi criada em Guarulhos (SP) pelo mestre Catitu. O professor relata que as aulas começaram com poucos participantes, mas aos poucos outros vieram.

"No começo tinha três, cinco alunos e teve um momento de olharmos e dar vontade de desistir, mas de repente todo mundo veio. Os pais começaram a participar e chamar os vizinhos.  Muitos estavam sedentários e eles também usaram a capoeira para passarem um tempo com os filhos, pois muitos trabalham”, fala.

Ao todo, 100 crianças e jovens são atendidas nos quatro bairros que recebem o projeto. A proposta principal, conforme Paulo, não é exclusivamente a prática esportiva. “Nossa preparação não é somente pro esporte, é para a sociedade ver de outra forma, para que eles sejam aceitos pela sociedade de forma diferente”, explica.

Professor Paulo pratica capoeira desde os 12 anos. (Foto: Jéssica Fernandes)
Professor Paulo pratica capoeira desde os 12 anos. (Foto: Jéssica Fernandes)

Nos últimos anos, o objetivo tem sido conquistado e a prova disso é a transformação que a capoeira proporciona aos alunos. “O resultado é gratificante, vi vários testemunhas de homens que na época eram jovens e treinavam comigo. Eles agradecem por não terem ido pro lado do crime. Hoje são pais de família, trabalhadores”, destaca.

No Bairro Tiradentes, as aulas são realizadas segunda, quarta e sexta das 18h30 às 19h30, e das 20h às 21h no Bairro Jardim Noroeste. Terça e quinta no Bairro Cristo Redentor, das 18h30 às 19h30. No Bairro Taquaral Bosque no final de semana.

Crianças a partir de 3 anos podem participar da capoeira com a permissão dos pais, que precisam assinar a ficha de inscrição. Outra exigência do projeto é que os menores devem estar matriculados na escola.

Alunos participam de roda de capoeira juntos. (Foto: Jéssica Fernandes)
Alunos participam de roda de capoeira juntos. (Foto: Jéssica Fernandes)

Os adultos também podem fazer as aulas, como acontece no Bairro Tiradentes. Na Rua do Pandeiro, mães e filhas treinam juntas. É o caso de Kelly Benites, de 40 anos, que matriculou a Pérola, de 8 anos, e o Joshua, de 15 anos.

Há 4 meses, ela pratica capoeira e conta que a experiência tem contribuído para um estilo de vida saudável. “Meu começo foi trazendo minha filha pra participar e depois eles me convidaram. Eu fiquei participando e vieram outras mães. Eu tô achando ótimo e saudável, tínhamos uma vida bem sedentária. Tô melhorando por causa dos exercícios”, destaca.

Outro ponto positivo, segundo a moradora, foi a evolução da filha pequena. “Ela tem um grau de autismo e o médico receitou atividade física pra ela poder se desenvolver e ela tá se desenvolvendo bem. Ela não lia agora tá lendo, ela tá mais social, ela conversa”, afirma.

Kelly pratica aulas ao lado da filha Pérola, de 8 anos. (Foto: Jéssica Fernandes)
Kelly pratica aulas ao lado da filha Pérola, de 8 anos. (Foto: Jéssica Fernandes)

A turma de capoeira também é composta por Pyetra Eduarda Leuvio, de 11 anos. Ela comenta que a mãe foi a responsável por apresentá-la ao projeto e incentivar que ela praticasse o esporte. “Ela falou pra eu vir junto com ela, eu vim nos primeiros dias e estava legal. Ela começou a trabalhar, mas falou pra eu vir. É bem legal”, ressalta.

Neste ano, o Herança Cultural completa 10 anos de história. O intuito do professor Paulo, que também chega ao marco de 30 anos como capoeirista, é realizar um evento esportivo unindo todas as turmas nos dias 23 e 24 de setembro na Capital.

Quem quiser conhecer o projeto, o perfil no Instagram é @amazonascapoeria

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