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Comportamento

Halley Star, a drag queen orgulhosa de ser mulher, lésbica e pantaneira

Quem disse que mulher cis não pode ser drag queen? Ela já ouviu muito disso e provou em concurso o talento da mulher na arte drag

Thailla Torres | 03/08/2020 06:42
Halley durante um dos episódios da Corrida das Drag. (Foto: Ariel Ribeiro)
Halley durante um dos episódios da Corrida das Drag. (Foto: Ariel Ribeiro)

No banheiro de sua casa, onde a iluminação é melhor, o espelho ‘espera’ para refletir a transformação de Aline Macário, 30 anos, em Halley Star, uma drag queen com silhueta de boneca e toque de super-heroína no estilo.

O guarda roupa tem variedade de peças, mas sempre que pode ela confecciona algo novo, inclusive acessórios. Às vezes, até pijama vira look, mas ninguém percebe. Ela leva até duas horas e meia para ficar pronta. A maquiagem ocupa o maior tempo, quase duas horas. Geralmente, a peruca e os looks já estão prontos, por isso, leva menos tempo para se vestir e colocar a cabeleira castanha, loira ou rosa.

Depois de pronta, no último sábado (1º de agosto), Halley recebeu o título de Pantanal Superstar 2020 ao vencer a Corrida das Drag, um evento sul-mato-grossense que há seis anos valoriza e elege a melhor drag queen do Estado.

Um dos looks preferido de Halley. (Foto: Bruna Nóbrega)
Um dos looks preferido de Halley. (Foto: Bruna Nóbrega)

Dessa vez, a drag queen é composta por uma mulher cis (que se identifica com o gênero biológico), lésbica e orgulhosa de ser sul-mato-grossense. Não é nenhuma novidade mulher ser drag queen, mas ela ainda causa estranheza em quem acredita que somente homem pode ou faz parte desse universo. Por isso, Halley acredita que ganhar a competição acende a chama de que a arte drag é para todos e pode ser feita por todos.

Supervisora de visual merchandising, Aline encarou Halley Star frequentando a vida norturna LGBTQIA+ de Campo Grande. Na adolescência sempre foi muito fã de cosplays e frequentava eventos de cultura nerd para também se montar. Ao conhecer drags, uma mudança chegou na velocidade de um cometa em sua vida. Daí o prenome, uma homenagem ao cometa Halley. O sobrenome, “Star”, vem da ideia de que já nasceu uma estrela.

“Uma coisa que eu acho maravilhosa no nosso estado é que apesar de vivermos em uma cultura “bovina” e termos um grande número de drag queens talentosíssimas, de vários estilos, idades, corpos. Tenho muito orgulho das drags do nosso Estado”.

Look inspirado na regionalidade. (Foto: Pedro Souza)
Look inspirado na regionalidade. (Foto: Pedro Souza)

E fazer uma drag existindo como mulher cis é, também, encarar de frente a misoginia que existe entre os homens gays, afirma Halley. “Assim como as mulheres enfrentam dificuldades dentro da sociedade quando estão em posição de igualdade com um homem, eu sinto que o fato de estar em igualdade com um homem gay, dentro da arte drag, causa desconforto dentro da comunidade LGBTQIA+. O trabalho sempre é colocado à prova. As críticas com a gente sempre são mais pesadas. O suporte ao nosso trabalho é menor, assim como a visibilidade”, explica.

Ela acredita que o que falta é a presença delas neste universo. “E também o entendimento que arte drag pode, e deve, ser performada por todos, independente do gênero e sexualidade”.

Ganhar a competição se tornou um passo importante para a visibilidade e a fez vencer desafios, finaliza. “As provas tiveram temas muito interessantes, além de extremamente desafiadores, nos tirando da zona de conforto. Os desafios me incentivaram a pesquisar, a pensar fora da caixa, desenvolver a criatividade e elevar a minha drag. Pesquisei muito durante esse período, para garantir que os looks fizessem sentido com os briefings e foi muito legal me perceber no processo”.

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Aline e Halley querem ver mais mulheres envolvidas com a arte drag.
Aline e Halley querem ver mais mulheres envolvidas com a arte drag.

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