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Comportamento

Inspirada no pai, Fernanda sonha apitar em campeonato estadual

Apaixonada por futebol, ela sempre jogou, mas agora, quis trocar a bola pelo apito

Jéssica Fernandes | 01/02/2022 08:38
Fernanda ao lado do pai no centro esportivo. (Foto: Arquivo Pessoal)
Fernanda ao lado do pai no centro esportivo. (Foto: Arquivo Pessoal)

Fernanda de Souza Ferreira sempre gostou de futebol. Quando criança, a menina não perdia a oportunidade de jogar bola e competir nos campeonatos de futsal do colégio. Aos 19 anos, ela continua presente nos gramados, porém preferiu substituir a bola pelo apito. Com planos de fazer o curso de arbitragem, Fernanda sonha com o dia em que terá a oportunidade de colocar ordem nos jogos do campeonato estadual.

O pai, Fernando Fernandes Ferreira, 40 anos, foi o responsável por despertar nela esse desejo. O amor dele pelo esporte já rendeu matéria ao Lado B, que contou a história dos meninos que há 20 anos tem tradição de jogar no Bairro Guanandi. “Depois dessa matéria, até um brasileiro que mora na Austrália começou a ajudar no projeto", conta.

Há sete anos, ele é um dos árbitros que organizam os jogos no Centro Esportivo Beto Rezek. No local, às vezes, faltam pessoas para apitar os jogos e, por esse motivo, ele sugeriu que a filha desempenhasse a função. “Eu comecei a levar ela comigo, porque ela sempre gostou de futebol. Começou a faltar árbitro, conversei com o dono e ele abriu um espaço para ela”, explica.

Fernando com as filhas Isabely e Fernanda. (Foto: Arquivo Pessoal)
Fernando com as filhas Isabely e Fernanda. (Foto: Arquivo Pessoal)

Assim, há três meses, começou a jornada da Fernanda como árbitra de futebol. Ao Lado B, ela comentou como surgiu a chance de apitar a primeira partida. “Comecei a ir no centro, ver os jogos e teve um dia que fui e um cara faltou. Eu comecei a apitar e, desde então, não parei mais”, fala.

Na ocasião, a jovem revela que o convite de última hora a pegou de surpresa. Mesmo com os nervos à flor da pele, Fernanda conseguiu dar conta de controlar o jogo e mostrar serviço. “Eu fiquei nervosa, não esperava ser chamada de última hora, mas fui, meti a cara, porque sempre gostei dessas coisas”, afirma.

Agora, ela espera abrir as inscrições para o curso de arbitragem que acontece anualmente na Capital. “O curso em Campo Grande tem só uma vez por ano. Quando comecei a apitar, o curso já tinha sido finalizado e agora, vou esperar abrir no meio do ano. Como ele é federativo, vou poder apitar em jogos estaduais”, esclarece.

Ao ver o novo projeto pessoal da filha, Fernando não deixa de expor o orgulho que sente e mencionar os gostos pessoais que compartilham. Além dela, ele revela o carinho que sente pela filha mais nova. “É uma emoção muito forte. A Fernanda sempre foi muito apegada comigo, sempre gostou de futebol, soltava pipa. Minhas filhas são tudo pra mim, somos amigos, parceiros”, garante.

Sobre a carreira como árbitra, Fernando fala das possíveis dificuldades que a jovem pode enfrentar. “Por ela ser mulher, ela vai ser mais cobrada do que nós homens. Nós estávamos procurando material esportivo para ela e não tinha opção feminina, porque eles não dão tanta atenção para as mulheres”, diz.

Apesar da preocupação do pai, Fernanda garante não sentir medo das futuras cobranças que pode sofrer como árbitra. Mesmo tendo apitado poucos jogos, a jovem já aprendeu como deve agir dentro dos campos. “Os jogadores cobram muito o juiz, então, a questão é mostrar presença, se impor, porque senão os caras montam em cima. No começo, eles achavam que eu não sabia de nada”, pontua.

Questionada como se sente ao apitar os jogos, ela confessa estar animada com a oportunidade. “Faz parte da minha rotina e fico feliz se surgir a oportunidade de apitar jogos maiores, como o estadual. Eu acho muito legal fazer isso, fiquei sabendo que outra mulher de Campo Grande fez o curso e já apitou em campeonatos. Isso abre portas para outras meninas, porque muitas ficam com vergonha, acham que é coisa de homem, mas pra mim, não tem isso não”, finaliza.

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