Karaokê vira a "Ilha da Fantasia" na rotina contra a solidão e a tristeza
Pessoas de todas as idades, com ou sem talento, socializam e cantam pra espantar os males da vida
Tem quem gosta de beber, a quem curta praticar exercícios físicos depois de um longo dia de trabalho ou relaxe lendo um livro. Mas tem gente que só fica feliz se estiver no palco de um karaokê.
A rotina é a mesma: toda semana, ao menos um dia, Regina Rodrigues, de 58 anos, passa no TKB Karaokê, na Vila Carvalho, para deixar o estresse de lado. "É minha válvula de escape, aqui é minha Ilha da Fantasia, onde eu recarrego as energias. Durante a semana é aquele corre, corre, eu venho pra cá, relaxo, e aí começa tudo de novo. Há cinco anos eu conheci o espaço e já virei amiga de todo mundo, do dono ao cachorro dele", brinca ela.
No começo ela assume que sentia vergonha ao cantar mas que agora já não liga mais: simplesmente solta o gogó sem medo de ser feliz. "Eu não preciso me preocupar em cantar bem. Subir no palco já me relaxa. Não precisa de bebida e de nada disso", completa.
Ida Maria Nagamati frequenta há três anos o karaokê da cidade. Pra ela, ir até o TKB tornou-se mais do que um simples passeio. "Eu curei meu luto após perder meu marido vindo aqui frequentemente", diz.
Ela completa: "todo mundo nos recebe bem, é fácil fazer amigos. Isso pra quem está sofrendo depois da perda de alguém é muito importante".
Para as duas, qualquer pessoa com problema de timidez pode ir ao karaokê para sair curado da vergonha. "Da depressão à timidez, vir aqui cura todos os problemas da vida".
As idades de misturam no espaço, não importa se é quinta-feira, sexta ou sábado. Tem música pra todo mundo. "Karaokê é bom porque reúne quem gosta de música", comenta Regina.
Gabriela Rocha, de 29 anos, diz que o ambiente acolhedor é o que mais chama sua atenção. "Estou aqui inclusive comemorando o meu aniversário. Eu gosto dessas luzes, do atendimento, das músicas. Acho que aqui é um Lado B de todos os outros rolê que rolam em Campo Grande", explica.
O servidor público Ronaldo Kanashiro é outro cliente fiel dos karaokês, vai sempre porque gosta e por morar perto, além de ser primo do dono do espaço, Bernardo. Antes de começar a frequentar, ele já cantava desde os 15 anos. "Aí eu comecei a tocar violão e tô até hoje por aqui".
"O karaokê ou é uma diversão ou uma válvula de escape, pra mim é a segunda opção", afirma ele.
No palco, ele canta desde músicas japonesas até os clássicos do sertanejo. "Ninguém julga ninguém, isso é o mais bacana. Você pode ser desafinado que vai ser aplaudido, assim como um cantor profissional também vai", finaliza.
Curta o Lado B no Facebook e no Instagram.