Lar construído há 20 anos fez Sílvio definir o que é uma ‘casa feliz’
Longe dos padrões que vêm sendo produzidos em condomínios, ele transformou ideias e opiniões em livro
“Minha casa é bem simples, com cuidado procurei voltá-la toda pro quintal, onde um jardim criei”. Cultivando há 20 anos ideias sobre o lar que construiu no Vilas Boas, Sílvio Santana de Souza vai contra os padrões produzidos em condomínios e, usando de sua experiência, decidiu definir em um livro o que, sim, é uma “casa feliz”.
O trecho citado acima é parte do poema que abre o livro do jornalista, que também é formado em artes cênicas e engenharia. A partir dele, o morador desenvolve uma discussão de 20 páginas sobre o lar em obra lançada neste ano.
Ao Lado B, ele contou sobre como, na prática, enxerga as ideias trazidas no livro e que são conduzidas pelo poema. “Quem chega aqui em casa é afetado, surpreendido imediatamente. É isso o que a natureza causa. A pessoa dá de cara com o jardim e solta até um suspiro de surpresa”.
Deixando claro que não é formado em arquitetura, ele narra que foi criado em Minas Gerais e trouxe consigo as influências do outro Estado. “Eu sempre gostei muito de pensar sobre a casa. O que é uma casa, o que é um lar? Um espaço em que a gente assemelha ao útero, em que nos sentimos confortáveis e queremos ter nossas referências”.
Por isso, Sílvio defende que os padrões criados nos condomínios fechados de moradias vão contra esse ideal. “Eu falo que os condomínios são vários tons de prisão. A ideia é que você seja feliz e seguro lá, mas as pessoas ficam apenas na segunda parte. Tenho familiares em dois condomínios aqui da cidade e vejo como isso acontece”, diz.
Explicando, o jornalista pontua que não vê interação entre os moradores, tampouco com a natureza ou com a vida como um todo. Nesse sentido, acredita que é necessário fazermos uma pausa para pensar sobre como essa privação impede de chegar a um ambiente capaz de levar felicidade.
Ao retornar para o exemplo de seu lar, Sílvio conta que foi ele mesmo quem escolheu como sua casa seria duas décadas atrás. “Não consegui fazer arquitetura, mas me contentei em desenhar minhas próprias coisas e imaginar como seria. E, vivendo aqui, posso dizer que é um lar feliz”.
Sobre a ideia, ele comenta que todos os cômodos do lar se voltam para o jardim, além de se conectarem entre si. Outro detalhe é a forma com que deixou a natureza se misturar e crescer.
“Aqui têm plantas variadas, não é apenas uma palmeira ou outra no canto. Até porque é assim que a natureza é, ela se espalha, se envolve com o diferente, não é concentrada, regrada”, diz Sílvio.
Além disso, toda a área serve para o contato e conexão com as artes, que também estão espalhadas pelos cômodos. “Há algum tempo, quis fazer com que aqui fosse um ambiente cultural, em que as pessoas pudessem vir, se apresentar. Então, o espaço também permite isso”.
Considerando a casa como um espaço cultural, que por enquanto está pausado, Sílvio completa que até seu telhado já foi palco. “De música e dança até pessoas fazendo palestras sobre livros, tivemos muitas coisas e isso também é importante para um local feliz. Aqui, a gente gosta de arte, faz parte das nossas referências, então se encaixa”.
E, para quem quiser conferir mais sobre o livro e se aprofundar nas ideias do jornalista, o link é www.lifeeditora.com.br/loja/produto/a-casa-feliz-ebook.
Confira abaixo o poema que inicia a obra:
Minha Casa
Minha casa é bem simples
Com cuidado procurei
Voltá-la toda pro quintal
Onde um jardim criei
Não só gramas e flores vejo
Frutíferas árvores também
Jabuticaba, lexia, amora
E carambola eu plantei
Todo dia, bem cedinho
Ouço os pássaros cantar
Anunciando a todo mundo
Qu’é hora de trabalhar
Com prazer levanto logo
O café vou preparar
E o quintal me enche a alma
De uma alegria sem par
O corre-corre da cidade
Faz a certeza aumentar
Que o melhor lugar do mundo
É minha casa, o meu lar
Confira a galeria de imagens:
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