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Comportamento

“Lei seca” vai atrapalhar quem adora beber no modo “binge”?

Termo é utilizado para caracterizar pessoas que consomem grande quantidade de alguma droga, inclusive álcool, de forma rápida.

Lucas Mamédio | 12/08/2020 06:30
"binge" é uma expressão em inglês que significa basicamente compulsão (Foto: Marcelo Victor)
"binge" é uma expressão em inglês que significa basicamente compulsão (Foto: Marcelo Victor)

A partir dessa quarta-feira (12) está proibido o consumo de bebida alcoólica nos estabelecimentos onde são vendidos, bem como em vias públicas. Essa é uma das medidas mais severas em relação ao consumo de álcool tomada pelo poder público na Capital desde o começo da pandemia.

A ideia das autoridades é diminuir o número de acidentes envolvendo álcool, uma situação preocupante que vem ocorrendo nas últimas semanas em Campo Grande e impondo uma ocupação já deficitária ao leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Porém, comprar a bebida e consumi-la em casa não será impedido.

Em um bar na Vila Planalto, região central, algumas poucas pessoas curtiram a última noite dessa semana em que há a possibilidade de beber fora de casa. Valquíria Barbosa, uma das clientes, diz que concorda com a medida, mas que no caso dela, há um consumo bem maior quando está em casa.

“Na maioria das vezes em eu bebo em casa. E quando estou lá, a quantidade que consumo é bem  maior”, diz ela, que está numa mesa com mais três amigas.

O aumento no consumo de bebida alcoólica é algo que ainda não foi mensurado em algum estudo científico amplo, mas segundo especialistas, essa intensificação é notável, como afirma o psiquiatra Kleber Meneghel vargas.

“Com relação ao álcool parece que está aumentando realmente o consumo, indiretamente você percebe nos consultórios os relatos. A ansiedade pelo contexto da pandemia é algo que induz a esse aumento”.

Amgigos bebem em bar nesta terça (11) antes da restrição (Foto: Lucas Mamédio)
Amgigos bebem em bar nesta terça (11) antes da restrição (Foto: Lucas Mamédio)

Você sabia? - Kleber cita o caso das pessoas que praticam “binge”, que é uma expressão em inglês para beber grandes quantidades de álcool em pouco tempo, uma prática justamente associada a diversos problemas, como acidentes de carro, brigas e sexo desprotegido.

O especialista explica que uma pessoa pratica “binge” quando um homem ingere mais de cinco doses de álcool no período inferior a duas horas ou uma mulher, quatro doses no período inferior a duas horas. Um exemplo seria as doses de uísque.

“O conceito não é só para bebida alcoólica, é para qualquer tipo de droga. Não é uma característica só do povo brasileiro ou latino, na verdade é uma prática ocidental, e provavelmente a questão da pandemia tem afetado principalmente na questão da ansiedade, como disse, que é um traço que geralmente acentua essa característica do “binge”.

Voltando ao bar, as pessoas com quem conversamos não se sentem praticantes do “binge”, apesar de preencherem os requisitos para tal. Em outra mesa, três amigos conversam, comem algo e tomam cerveja. Eles estão ali justamente porque queriam aproveitar o último dia para beber em um bar.

Para Hector Hugo, técnico de projetos, que cumpre home office, o consumo de bebida em casa tem aumentado bastante desde o início da pandemia. Ele também avalia que o novo decreto não vai mudar isso. “Eu fiz as contas esses dias, estou gastando mais com álcool atualmente, do que gastava antes da pandemia, que ia em bar essas coisas. Isso quer dizer que estou bebendo mais”.

Segundo escialista, é possível perceber a acentuação da prática do 'binge' nos consultórios (Foto: André Bittar)
Segundo escialista, é possível perceber a acentuação da prática do 'binge' nos consultórios (Foto: André Bittar)

Uma estudante de 20 anos, que não quis se identificar, ouvida pelo Lado B, disse que nunca bebeu tanto e tão rápido em sua vida. Para ela, as restrições impostas pela pandemia foi um gatilho para o consumo excessivo de álcool, que pode estar levando a prática do “binge”.

“Tenho bebido com mais frequência. Na verdade nunca fui de beber tanto, mas agora em casa, percebo que a bebida não está sendo mais um meio facilitador para socialização, como fazia antes, está sendo um fim em si mesmo, o que faz eu querer beber cada vez mais, porque afinal, o que te resta depois de beber um copo de cerveja é outro copo de cerveja”.

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