Lucy dedicou vida à Psicologia e deixou lição de como fazer o bem
Professora querida do curso de Psicologia da UCDB faleceu aos 62 anos
Professora atenciosa com os alunos e psicóloga dedicada aos pacientes. Longe do ambiente acadêmico e da clínica, Lucy Nunes Ratier era em casa mãe amiga que adorava estar na companhia do filho Marcus Ratier, de 27 anos.
Depois de dedicar décadas à educação e projetos sociais que visavam o bem-estar da comunidade, Lucy descansou no dia 26 de fevereiro. Aos 62 anos, ela deixa o filho, amigos e incontáveis alunos e ex-alunos que passaram pela UCDB (Universidade Católica Dom Bosco).
Natural de Ponta Porã, Lucy ingressou no ensino superior em Campo Grande. Na época, ela se formou na antiga Fucmat, hoje UCDB. Na instituição, Lucy continuava lecionando após sua aposentadoria.
Marcus relata que a vida da mãe era voltada ao ensino e formação de futuros profissionais. “Ela sempre foi muito dedicada à educação e não só a dela, mas a dos outros. Para ela, a educação sempre foi a coisa mais importante porque é uma coisa que ninguém te tira”, afirma.
A psicologia era uma das paixões de Lucy que se dedicava na sala de aula e na clínica. Um dos legados deixado por ela, conforme Marcus, é um projeto que tem relevância na universidade. “Ela sempre foi muito apaixonada por psicologia, a profissão dela, gostava de atuar na clínica. Ela também ajudou a criar o ASA, que é um projeto de Assistência Social ao Aluno”, conta.
O advogado destaca que através de projetos como esse a mãe o ensinou o valor de fazer a diferença na vida das pessoas. “Uma coisa que pra ela sempre foi importante é que a gente deixe um impacto positivo na comunidade em que a gente vive. Ela sempre quis isso, ela sempre trabalhou bastante pra isso. Ela teve essa vontade de deixar esse impacto para que o trabalho dela atingisse positivamente outras pessoas”, frisa.
Essa vontade refletia no ambiente acadêmico e nas salas de aula onde Lucy contribuiu com a formação de incontáveis psicólogos. “Os alunos eram muito queridos por ela, sempre falava com carinho. Não lembro uma vez dela falando alguma coisa ruim de alunos ou classe. Ela gostava de todo mundo, queria ajudar o máximo possível. Para ela formar novos psicólogos era uma missão muito importante”, afirma o advogado.
Outra alegria na vida de Lucy era planejar e fazer viagens com Marcus. Juntos, eles conheceram diversos países e criaram memórias que são narradas por ele com um sorriso no rosto, como a passagem por Estocolmo, na Suécia, onde viu a neve pela primeira vez.
A relação com a mãe, conforme Marcus, era a melhor possível. “Ela era uma mãe muito mãe, uma mãezona. Ela era muito minha amiga, viajamos horrores juntos, éramos muito parceiros. Sempre tivemos uma relação fluida, boa, éramos muito próximos”, comenta.
A parceria se manteve firme no momento mais crítico que Lucy enfrentou desde o diagnóstico de lúpus. Marcus relata como foram as semanas que antecederam o falecimento da mãe. “Semana retrasada ela teve outro infarto, o terceiro. Eu percebi quando ela falou que estava sentindo muita dor no braço e na garganta. Chegando no hospital, ela teve uma parada cardíaca, reanimaram ela e ela passou dez dias em coma”, fala.
Lucy chegou a apresentar melhora no hospital onde conseguiu conversar com o filho e amigos, porém ela não resistiu ao ter outra parada cardíaca. Na semana passada, o curso de psicologia suspendeu as aulas durante um dia em memória a Lucy e a missa de sétimo dia foi realizada na Paróquia Universitária São João Bosco.
Amiga próxima e colega de profissão, Eveli F. Vasconcelos relata que o primeiro contato com Lucy ocorreu ao ingressar na faculdade. “Conheço a Lucy desde 1990, ano em que entrei na faculdade. Ela que fez a nossa acolhida, a chegada dos calouros na instituição. Ela foi a primeira professora que conhecemos na antiga Fucmat”, recorda.
Anos depois, professora e aluna começaram uma amizade que se fortaleceu a cada café e chamada de vídeo. “Depois vim trabalhar na UCDB e ela se tornou uma colega de trabalho, nós trabalhamos muito juntas no estágio, especialmente eu, ela e a Norma. Sempre achavámos um tempinho no final de tarde para tomar café, comer pão de queijo, falamos no telefone, fazíamos meat”, diz.
A professora do curso de psicologia relata o que para ela foi uma das últimas lembranças que compartilhou com Lucy na profissão. No ano passado, Eveli convidou Lucy para compor uma das mesas no Congresso Brasileiro da Psicologia em São Paulo.
“Quando ela chegou aqui disse pra mim que tinha sido muito bom, que tinha gostado muito do nosso carinho com ela, das pessoas que ela conheceu, das discussões. Lembrar disso me deixa muito feliz, porque eu não sabia que aquela estava sendo a despedida dela da psicologia. Foi uma grande despedida”, conclui.
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