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Comportamento

Mais que justiça, família de florista pede que crime não seja esquecido

Irmã lembra que Regiane era apaixonada por flores e acordava todos os dias dizendo "bom dia, flor do dia!"

Danielle Errobidarte | 20/03/2020 07:03
Com homenagem em outdoor, família lembrou de profissão da florista morta pelo ex-namorado. (Foto: Arquivo Pessoal)
Com homenagem em outdoor, família lembrou de profissão da florista morta pelo ex-namorado. (Foto: Arquivo Pessoal)


Desde que a perdeu para o feminicídio e sentimento de posse do ex-namorado Suetônio Pereira, a irmã é quem luta pela memória da florista Regiane Fernandes de Faria, assassinada em janeiro deste ano. Na última terça-feira (17), aconteceu a primeira audiência de custódia e testemunhas de acusação foram ouvidas. Com as atenções voltadas à pandemia de Coronavírus (COVID-19), o medo da família é de que a morte da florista caia no esquecimento.

Apaixonada por flores, Regiane costumava acordar todos da casa com “bom dia, flor do dia!”. A irmã lembra que o gesto de carinho também era usado para presentear as pessoas próximas. “Sempre que podia, ela dava flores de presente. Nos acordava com essa frase, mas na verdade quem era a flor nos nossos dias era ela”.

Ela também lembra que a irmã foi capaz de vencer um câncer de mama, mas teve a vida tirada pelo feminicídio. “Minha irmã sempre batalhou pelos seus objetivos e pelos meus sobrinhos, passou por muitos momentos difíceis durante a luta contra o câncer e venceu! Mas perdeu a vida para o feminicídio, dessa forma tão cruel ao ser surpreendida quando chegava para mais um dia de trabalho”, relata.

Advogada da família, Nabiha Maksoud é quem explica o andamento do processo para a irmã, uma vez que os pais da florista e a terceira filha do casal, que mora em outro estado, mal conseguem conter as lágrimas ao tocar no assunto. “A Regiane também tinha dois filhos, a família está muito abalada ainda. O que elas pedem é justiça, sempre me falam em como sentem saudade”.

No dia internacional da mulher, comemorado em 8 de março, a família da florista instalou um outdoor no cruzamento das avenidas Ceará e Mato Grosso, trecho de grande fluxo de veículos, que tinha o objetivo de lembrar a todos que o amor não mata. Confira o que dizia:

“Mulher,

Sinônimo de vida, de gerar vida,

De ter o direito de viver.

Peço ajuda!

Minha boca foi calada, meus olhos foram fechados,

E comigo foram enterrados meus sonhos,

Meus projetos e minha vida!

Quem ama não mata, não premedita

E não age de forma cruel.

O feminicídio não pode ficar impune!”

Preocupada com a repercussão do caso com o passar dos meses, a irmã da florista teme que o crime seja lembrado apenas como “o primeiro feminicídio de 2020”. “A morte dela não pode ser mais um número dentro das estatísticas. Ele tem que ser responsabilizado pelo que fez, principalmente por ter sido um ato de crueldade e feito de forma premeditada”, desabafa.

Ela ainda conta que “o vídeo foi feito como uma forma de homenagem, mas também alerta ao número dos casos de feminicídio”. Só em 2020, foram registrados 7 casos de feminicídio em Mato Grosso do Sul, segundo dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública).

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