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Comportamento

Memórias da infância ajudam quem quer futuro diferente para os filhos

Pais falam sobre lembranças que os ajudaram a criar uma base para proporcionar um lar feliz para os filhos

Por Idaicy Solano | 12/10/2024 07:34
Criar filhos é desafio, mas cultivar memórias felizes é desejo dos pais (Foto: Paulo Francis)
Criar filhos é desafio, mas cultivar memórias felizes é desejo dos pais (Foto: Paulo Francis)

Que lembrança ou acontecimento marcou sua infância para sempre? Criar um ambiente seguro e repleto de amor é essencial para crescer com memórias felizes. Deixando de lado os ‘traumas’ da infância, neste Dia das Crianças (12), os adultos que já assumiram a missão de criar e educar um indivíduo que ainda está aprendendo a ‘caminhar’ com as próprias pernas preferiram falar sobre as lembranças que os ajudaram a criar uma base para proporcionar um lar feliz e com muitas brincadeiras para os filhos, provando que, apesar de tudo, ainda somos um reflexo daqueles que nos cuidaram, e vivemos como nossos pais.

O tapeceiro Sidinei Nicola, de 42 anos, relata que foi o tipo de criança que raramente dava trabalho. Cresceu em uma família grande e unida, recebendo uma criação bastante rígida, porém com muito amor, por parte da mãe. Já em relação ao pai, ele confessa que até hoje sente a falta de proximidade, algo que vem desde a infância, e que hoje tenta não repetir o mesmo ‘erro’ com a filha, Lauren, de 3 anos.

“Apesar de sermos uma família muito próxima, eu não tinha essa abertura com meu pai, por causa da criação dele também. E isso eu tento não passar para minha filha. Tento ser mais próximo dela, ser mais paizão, mais brincalhão. Mas eu não julgo e não culpo meu pai. Foi a criação que ele recebeu, e eu tento não errar nas partes em que meu pai errava”, expressa Sidinei.

Se desprender das amarras criadas pelo ambiente da infância e da criação dos pais, e criar os filhos tentando não repetir os mesmos erros, é um longo processo de desconstrução, cheio de altos e baixos, que Sidinei se esforça para superar. Com isso, ele busca proporcionar à filha a mesma proximidade que sua mãe tinha com ele.

“Hoje sinto falta das coisas que eu deveria ter aprendido a ser com meu pai: como ser pai ou como ser esposo. Tem muitas coisas que herdei dele que tento não fazer igual. Mas é difícil, por causa da genética e da convivência, porque você vê as coisas, percebe as coisas, e às vezes, sem querer, acaba fazendo o mesmo”, compartilha o tapeceiro.

Sidinei relata que busca não cometer os mesmos erros do pai na criação da filha (Foto: Paulo Francis)
Sidinei relata que busca não cometer os mesmos erros do pai na criação da filha (Foto: Paulo Francis)

A infância da pedagoga Katiúcy Nicola, de 33 anos, foi bastante instável por conta da profissão do pai. Filha de caminhoneiro, ela relata que precisou viajar bastante, e por isso já morou em diversos estados brasileiros além de ter feito o ensino fundamental em mais de sete escolas diferentes.

Outro fato interessante é que, por conta das mudanças, cada irmão nasceu em um Estado diferente. A última mudança da família foi para Campo Grande, há 16 anos. Hoje, mãe de uma criança de três, confessa que uma infância fixa e estável é tudo que deseja para a filha. Isso porque viver de ‘galho em galho’ também gerou perdas, no sentido das relações familiares e de amizade.

“As lembranças das viagens são muito boas, foi muito legal e a gente tem bastante história pra contar. É muito legal viajar? É muito legal, mas você também fica longe de todo mundo. Eu não tive muitos amigos, e a gente não tem família igual todo mundo, a gente é isolado. Aqui em Campo Grande tem meu pai, minha mãe e os meus dois irmãos e agora eu tenho a família dele [esposo]. Então eu quero criar a minha filha nesse ambiente mais estável”, expressa.

A pedagoga relata que busca ser protetora na medida certa e criar a filha o mais próximo à família possível. “Por conta dessa instabilidade, eu hoje prefiro a estabilidade. Até esses dias, ela tinha as duas bisas [bisavó], por exemplo. E eu não tive essa oportunidade [de conviver]. Então, essa questão da família, a gente sente muito”.

Quando se fala em uma criança arteira, logo vem em mente os cuidados, pois quando os pequenos são muito agitados, logo acendem um alerta nas mães, como a engenheira de produção Luciandra Velasquez, de 36 anos, relembra, quando quebrou um braço, brincando, aos sete anos. “[Minha mãe] ficou desesperada, literalmente, ela ficou em crise, mas você sabe, né, criança não para”.

Na casa da dentista Carla Heredia, de 38 anos, eram quatro irmãos, e ela relata que todos eram bem agitados, que deixava sua mãe ‘maluca’. Ela sorri ao relembrar das noites que passou jogando futebol com a mãe e do irmão mais novo, que adorava subir em árvores. “Ele parecia um macaquinho, porque ele não ficava quieto, e minha mãe tinha que correr atrás dele”, conta.

São essas as memórias que ela gostaria que o filho criasse, longe da influência da televisão. “Hoje em dia as crianças ficam muito na televisão, mas deveriam ficar mais no ar livre, ficar olhando a natureza".

Carla deseja que seu filho tenha boas lembranças de infância (Foto: Paulo Francis)
Carla deseja que seu filho tenha boas lembranças de infância (Foto: Paulo Francis)

Em lares onde a brincadeira é a principal lembrança, a preocupação é em relação às influências dos meios digitais no período da infância dos filhos. Luciana relata que foi uma criança bastante ‘sapeca’, e busca meios de garantir que a filha cresça criando as mesmas memórias que ela, quando criança.

“Quando eu penso na infância, eu lembro das brincadeiras, porque na minha época a brincadeira era totalmente diferente, não era esse meio digital. Eu pretendo cultivar a memória da infância que eu tive, com a minha filha”, expressa.

Nas lembranças da chef de cozinha Katerina Ochagavia, de 47 anos, a memória mais marcante está ao revisitar o quintal da casa de sua avó aos finais de ano, quando ela e os primos se reuniam para brincar. Ela lamenta que o filho não tenha tido esse contato tão próximo com os familiares e outras crianças, mas expressa que fez um bom trabalho o ensinando sobre valorizar as boas companhias.

“Até hoje a gente se reúne toda a primaiada, quando pode. Já meu filho foi bem diferente nesse sentido, porque ele foi criado sozinho, porque ele é filho único. Ele é mais reservado e não tem tantas amizades assim, mas as poucas que ele tem, até hoje eles vão em casa, sempre estão juntos”.

Katerina guardou da infância as melhores lembranças na casa da avó (Foto: Paulo Francis)
Katerina guardou da infância as melhores lembranças na casa da avó (Foto: Paulo Francis)

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