Mesmo sem história oficial, buraco é hoje o "Buracanã" do Estrela D'alva
A equipe do lado B foi atrás mas só encontrou datas conflitantes e muita política envolvida em um campo de futebol
Quem aí conhece o Buracanã? De nome curioso, o campo de futebol do bairro Estrela D'alva III carrega uma história de cerca de 40 anos, mas sem um registro oficial. Entre os moradores do bairro, a cada entrevista, as informações ficam mais desencontradas. O fato é que a comunidade transformou um limão em limonada, ou um buraco em lugar de diversão.
Para quem não conhece, o campo na Avenida Senhor do Bonfim era movimentado, com campeonatos semanais, com direito a narrador e tudo o mais. Mesmo assim, até hoje o terreno carrega ares de abandono.
A ex-presidente do bairro, Lúcia Alves, diz que foi o filho já falecido,Valdemar, mais conhecido como "Preto", quem criou o Buracanã. Ela conta que há cerca de 40 anos, o Estrela D'alva sofria com erosão e a região em que a quadra foi construída foi cavada para igualar o terreno do bairro. "Meu filho construiu os bancos ao lado da quadra, gramou toda a extensão e aquilo lá começou a bombar", diz.
Lúcia lembra inclusive do time de futebol feminino, do qual ela participava. "A gente ganhou vários campeonatos. Uma das colegas, que eu não vou lembrar o nome agora, foi pro Brasileiro. Só que a vida foi dispersando a gente e perdemos o contato".
O terreno, de acordo com ela, é da prefeitura de Campo Grande. "Todos os comércios que tão ali são ilegais. As casas começaram a invadir ali e se você ver tem plaquinha de vende-se em tudo, ou seja, tão vendendo uma coisa que nem deles é. Então aquilo ali afastou as pessoas do Buracanã", denuncia.
O atual Presidente da Associação, José Soares Monteiro, mais conhecido como Zé da Prosa, tem outras datas. Para ele, a quadra do bairro tem cerca de 20 anos de existência.
Para ele a história da época de criação da quadra é outra. Segundo Zé, o buraco surgiu porque areia era retirada do terreno e ia como doação para uma obra. "Pelo menos era isso que a gente ouviu falar. Eu sou morador aqui há 20 anos", lembra.
Os campeonatos, ainda segundo ele, não são mais organizados porque houve um desentendimento com o presidente do bairro vizinho, do Bosque da Esperança. "Eles queriam fazer os campeonatos deles na mesma época que os nossos", comenta.
Para piorar, José desabafa e diz que a sujeira jogada pelos moradores vizinhos está tomando conta do Buracanã. "Eu já pedi na Prefeitura várias vezes para virem limpar e nada até agora"
A também moradora do Estrela, Gileide Luís, relembra que o campinho já foi palco de muito movimento. "Dia de domingo a gente não tinha nem onde estacionar aqui na frente".
Os campeonatos eram organizados e tinham até premiação com troféus, diz ela. "Teve até um grupo de crianças todo semana aqui. O professor de Educação Física pra variar um pouco, pra sair do colégio, trazia os estudantes tudo pra cá", completa.
Os vestiários, construídos há cerca de sete anos foram feitos com a ajuda do sogro de Gileide. "Hoje tem morador de rua dormindo neles", conta, com tristeza.
Ela diz que não vê um jogo no Buracanã desde o ano passado. "O movimento foi baixando e até hoje, meio do mês de janeiro, tá parado".
A história real do campo ainda é um mistério. Você sabe ou conhece alguém que pode nos ajudar com esses causos? Comente aqui ou mande uma mensagem no nosso Instagram ou Facebook.