Na Capital, Seu Bexiga fincou raízes e até troféu entregou ao Rei Pelé
Desde 1961, o senhor de 88 anos colhe frutos e histórias na Cidade Morena junto à companhia de sua esposa Odilza
"Bela de uma Capital. E eu adoro estar por aqui." Não é à toa que há 59 anos o aposentado Francisco de Souza Bexiga diz isso. Trouxe companheira, constituiu família, amigos, trabalhou. E também colheu histórias, uma delas futebolística: prestou homenagem em nome de Campo Grande ao Rei Pelé. O ano era 1965.
"Como eu era santista desde meus 13 anos, achei por bem levar um troféu em nome da cidade ao Pelé, o maior jogador de todos os tempos. Era o maior clima de festa", assume. O amistoso entre o Santos Futebol Clube e Esporte Clube Comercial acabou no atacante alvinegro dar um show de bola: partida encerrada em 4x1. O evento deu-se em razão da excursão Brasil-Paraguai do time paulista.
O jogo lotou as arquibancadas de estrutura simples que atendiam ao antigo estádio Belmar Fidalgo, hoje praça esportiva de mesmo nome. Autoridades de importância estiveram presentes para assistir à partida. Teve comandante da base área, da 9ª região, da Marinha de Ladário. "Me lembro bem que o Canale, meu grande amigo, ficou emocionadíssimo em eu ter me oferecido para entregar uma homenagem ao Pelé", relembra Seu Bexiga ao citar Antônio Mendes Canale, prefeito à época.
Mas não só de futebol se vive alguém. É preciso uma pitada de amor em toda história. "Fui transferido de Corumbá para Campo Grande. Não pensei duas vezes. Casei com Odilza num dia, na Cidade Branca onde ela nasceu e eu fui criado. No outro, já estávamos juntos na Cidade Morena. E nunca mais saímos daqui", recorda. A data ele sabe de cor: 14 de outubro de 1961.
Mas voltando ao jogo: "Rei Pelé me deu até autógrafo e tiramos uma fotografia que acabei emoldurando. Anos mais tarde, quando virou Ministro do Esporte, enviei a mesma foto por correspondência e ele me respondeu com uma carta timbrada e assinada com seu agradecimento", declara.
A entrevista é interrompida. "Amor, vem cá!", Bexiga carinhosamente chama pela esposa. "Não é verdade essa minha história do Pelé?", pergunta buscando alguma corroboração da companheira ao jornalista presente. "Eu não lembro dos detalhes, só sei que ele era dono de aprontar mesmo esse tipo de arte por aí", brinca a tímida e simpática Odilza Medina, dona de casa e a mulher que carrega maritalmente o "de Souza Bexiga" em seu nome. Prova do casamento que deu certo.
Em Campo Grande o casal chegou e aqui os dois fincaram raízes. Lá atrás, encantados com as possibilidades da nova vida juntos. Agora, quando as sementes plantadas totalizam 4 filhos, 9 netos e 1 bisneto, só resta esperar a chegada do segundo bisnetinho, que já está no forno. Quem sabe seu Bexiga já não tem essa história para nos contar?
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