Negando apologia, "maconheiros" assumidos preparam nova marcha pela legalização
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Neste sábado manifestantes que vão sair às ruas no próximo dia 24, pela legalização da maconha, se reuniram para falar do trajeto e repassar orientações, na Praça do Rádio Clube, em Campo Grande. Na marcha, apesar de ser em prol da substância, uma das regras estabelecidas é que fica proibido o uso da droga.
Maconheiros assumidos, o pequeno grupo falou abertamente sobre o uso ao Lado B e que, particularmente, não veem com maus olhos serem chamados assim. “É de boa, eu particularmente, sou maconheiro mesmo. É um tema que ainda gera tabu. Estou até escrevendo aqui 'deixa de vergonha, vem para marcha da maconha'. Se for levar como tabu sempre, nunca vai avançar na pauta”, explicou o estudante de Biologia, Sérgio Montier Onça, de 27 anos.
Como um dos organizadores da marcha em Campo Grande, Sérgio explica que o evento é um movimento social que começou nos anos 2000 com alguns ativistas, mas que só ganhou o título “Marcha da Maconha” há três anos, depois que a Justiça autorizou.
“O movimento busca entender melhor a questão das drogas. Tirar o foco da segurança pública para a questão saúde. A guerra às drogas mata muito mais do que o próprio consumo”, frisa.
Ele sustenta que esta é a linha de debate, deixar de criminalizar o usuário e ver a questão pelo âmbito da saúde pública. “A guerra ela já está perdida, o que precisa é se atentar para não ter mais mortes”.
Na Capital a marcha é organizada por dois coletivos, Gramado e Movimento Rua Juventude Anticapitalista. No próximo sábado, quem for às ruas não vai tentar impor a legalização e sim, alerta a sociedade para o debate. “Faço as palavras do Mujica, presidente do Uruguai. Nós não vamos legalizar, vamos regularizar o mercado que já existe e tentar fazer uma mudança na política anti-drogas que hoje enquadra quem usa como criminoso”, ressalta Sérgio.
A primeira edição do movimento reuniu 200 pessoas. A segunda já teve maior adesão devido ao período de manifestações em todo país. “Aqui a marca está crescendo, mas falta avançar muito. Ainda é um lugar bastante conservador”, observa o estudante de Artes, Wandeyr dos Santos, de 26 anos.
A organização afirma que a marcha não é a única bandeira e passa a ser apenas mais uma ferramenta. “Nós organizamos filmes, documentários, debates”. Entre outros pontos, em âmbito nacional, o movimento quer levantar a desmilitarização da polícia.
A expectativa é de reunir pelo menos 400 pessoas. No entanto, quantidade não é muito o foco deles. “Só de acontecer e ter algum debate em casa, já é válido”, adverte Wandeyr.
A concentração para a marcha ocorre no próximo sábado, dia 24, às 14h, na Praça do Rádio Clube. A saída está prevista para 16h20.