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Comportamento

Nem o câncer parou Emily, que não vê o diagnóstico como fim da vida

Atleta não parou de correr nem quando doença baqueou e encontrou no esporte força para superar o tratamento

Por Idaicy Solano | 11/10/2024 07:56
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

“Receber o diagnóstico de câncer não é receber uma sentença de morte, pelo contrário, a gente começa a entender a vida e dar mais valor à ela quando a gente se depara com a possibilidade de perdê-la. Então a gente tem que aceitar esse fato”.

O relato é da atleta e influenciadora Emily Coffacci, de 51 anos, que em 2022 ‘perdeu o chão’ ao receber o diagnóstico de um câncer de mama já em estágio avançado. Quando o diagnóstico veio, Emily relata que estava vivendo uma das melhores fases de sua vida. Isso porque receber uma notícia dessas é a última coisa que uma atleta dedicada, com a saúde em dia e alimentação saudável, espera.

Ela relembra que recebeu a notícia sobre a doença na Casa Rosa. Naquele momento, relata que sua mente ficou em branco e que a situação ‘não parecia real’. Emily conta que, após isso, viveu um verdadeiro luto e passou praticamente um mês inteiro chorando, até conseguir assimilar tudo o que estava acontecendo.

“O diagnóstico é a parte mais pesada. Porque, quando se recebe o diagnóstico de câncer, a primeira palavra que vem à mente é morte. Parecia que a única coisa que eu conseguia pensar era ‘eu vou morrer’. Foi como se uma bomba caísse sobre mim naquele momento, o chão abrisse e eu fosse parar no fundo do poço. O processo de aceitação da doença foi bem difícil”, relata.

Durante o tratamento

Emily passou o ano de 2022 em um tratamento intenso, devido ao diagnóstico tardio. A atleta enfrentou um ciclo de 16 sessões de quimioterapia, para reduzir o tamanho dos nódulos, uma cirurgia de mastectomia, esvaziamento axilar e 18 sessões de radioterapia. Em um momento, Emily pensou que o tratamento seria o fim dos treinos, da rotina agitada e que precisaria deixar a corrida de lado, até perceber que o esporte seria, na verdade, um de seus maiores aliados para vencer a doença.

“A única coisa que eu tinha na cabeça era que eu não poderia fazer nada, que eu ia ficar com cara de doente, acamada, fraca, debilitada. Aí eu perguntei ao médico: ‘eu vou poder continuar correndo?’ e ele falou que sim. Foi quando as coisas na minha cabeça começaram a mudar. Eu falei: ‘se eu vou poder continuar correndo, então eu vou fazer a minha parte’”, relembra.

Durante o tratamento, Emily também relata que foi o momento em que se apegou ainda mais a Deus e utilizou sua fé, o apoio familiar, dos colegas de corrida e da equipe do Hospital de Câncer Alfredo Abrão para travar a ‘batalha’ que tinha pela frente.

Quando Emily fez a primeira quimioterapia, no dia seguinte, levantou cedo e foi correr. E assim seguiu, intercalando as sessões de tratamento com a rotina de treinos. Na época, ela e o marido moravam em São Gabriel do Oeste e realizaram diversas viagens para Campo Grande, Corumbá e Bonito, participando de corridas.

“Uma coisa que eu aprendi durante o tratamento foi a conhecer e respeitar o meu corpo. Tinha dias em que eu sentia uma fadiga oncológica muito forte, principalmente no dia em que fazia quimio. Mas no dia seguinte, eu amanhecia bem e conseguia treinar. Depois de uns quatro dias, a fadiga voltava, e eu respeitava meu corpo e descansava”, relembra.

Para fortalecer o sistema imunológico e manter o corpo forte, ela comemorava cada sessão de quimioterapia vencida correndo e aumentando a distância. Quando Emily finalizou o primeiro ciclo de 12 sessões, fez um treino de 21 km em São Gabriel do Oeste. Para ela, concluir o percurso foi uma prova de que estava vencendo seus obstáculos.

Casal das corridas

Emily começou a compartilhar o processo de tratamento do câncer com a corrida e a rotina de treinos ao lado do marido, o funcionário público Oderney Coffacci, de 43 anos, nas redes sociais, em seu perfil ‘Casal das Corridas’. Assim, várias pessoas passaram a acompanhar sua história e enviar mensagens de apoio.

“Eu chegava nas corridas e as pessoas vinham conversar comigo, diziam: ‘eu tô te seguindo no Instagram, tô vendo que você tá em tratamento de câncer e que tá correndo, e isso tá me inspirando’. Isso me deu muita força, muita força mesmo”, diz.

O marido, Oderney, desde o início, foi o maior incentivador de Emily. Eles começaram a correr juntos em 2018, e durante o período de tratamento, ele não deixava a esposa desanimar.

“Ele acordava cedo e me fazia levantar para treinar. Quando tinha prova de corrida de rua, ele fazia a inscrição e dizia: ‘trouxe um presente para você’, e era a inscrição. Isso me dava forças, porque, como já estava inscrita na corrida, eu tinha que treinar, e isso me motivava bastante”, relata Emily.

Aos poucos, sua história ficou conhecida no meio das corridas, e Emily começou a receber convites dos organizadores para divulgar as provas, além de compartilhar sua trajetória com os demais participantes. Emily passou a servir de inspiração para outras mulheres não desistirem do tratamento e perceberem que o diagnóstico não é o fim.

Em sete anos, o casal já participou de mais de 200 corridas, tanto de rua quanto de trilhas. Eles já participaram da Maratona do Rio, no Rio de Janeiro, da Meia-Maratona de São Paulo e, por dois anos seguidos, da Maratona de Campo Grande, além dos trail runs em Rio Verde, Bonito e Aquidauana. Agora, o casal se prepara para participar da corrida do Shopping Campo Grande, da corrida dos Bombeiros, do trail run do circuito G2 Esportes, em Bonito, e da prova Bonito 21 km.

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O diagnóstico não é o fim 

A lição que Emily aprendeu com tudo que passou nos últimos anos,foi a nunca desanimar e desistir, e que o “diagnóstico não é uma sentença de morte”. Ela pontua que, em primeiro lugar, se deve ter fé e confiança em Deus, e em segundo, contar com todo o apoio possível de familiares, médicos e amigos.

Outro ponto defendido por Emily, é de que não se deve esconder ou evitar falar sobre a doença, pois trazer luz ao enfrentamento dela pode ser essencial para que outras pessoas em tratamento se identifiquem e também tenham ajuda.

“No meu caso, as pessoas começaram a me mandar mensagem pedindo orientação, pedindo informação sobre o que fazer, como se alimentar, como manter a rotina de treinos e isso fazia uma diferença muito grande na vida das pessoas”.

Outro aprendizado, foi de que ela detém o controle de sua própria vida, e de decidir como vai deixar as coisas, dali em diante, a afetar. Emily detalha que aprendeu a ser resiliente e a lidar com as situações adversas da vida.

“Quando eu comecei a enxergar quanta coisa boa o diagnóstico de câncer me trouxe, tudo mudou e ficou mais leve. A químio não é algo que derruba, mas é algo que vai curar aquilo que não nos pertence e que eu precisava fortalecer o meu corpo e a minha mente para passar pelo tratamento. Quando a gente fortalece o corpo e a mente, a gente consegue superar qualquer obstáculo”.

Para finalizar, Emily alerta que a atenção aos sinais do corpo, principalmente do câncer de mama, não pode receber atenção apenas em outubro, mas que as mulheres precisam se cuidar o ano inteiro.

“Não tenha medo de encontrar algo diferente no corpo, de procurar o médico com aquele pensamento de quem procura acha. Eu falo que quem procura acha, quem acha, trata, e quem trata, cura”, finaliza.

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