No dia mais feliz para duas mulheres, emoção foi o avô celebrar o casamento
Se em parte as cerimônias de casamento existem para que se possa celebrar e oficializar o amor, por outro lado também acontecem para surpreender os convidados com histórias inspiradoras. Assim foi no casamento de duas mulheres no último fim de semana, que no altar estavam radiantes por terem o avô, de 72 anos, celebrando a cerimônia.
O aposentado é o exemplo de que idade e geração não justificam o preconceito existente, mesmo criado nos tempos em que o discurso radical de que “macho deve ser macho até a morte” era prevalecido, recorda. “O mesmo ditado servia para as mulheres naquela geração. Se esse casamento fosse há 50 anos, talvez eu teria ficado emputecido, mas na maneira que a sociedade foi buscando conhecimento, aprendi sobre as relações humanas e que a felicidade é construída com amor”.
Uma das noivas encontrou o apoio do avô há dois anos, quando resolveu assumir o amor que sentia pela namorada. “Me senti segura para ser quem eu era e viver aquele sentimento”, conta a neta. E com sabedoria, o avô ensina. “Aprendi a compreender e entender que quando se trata de duas pessoas, independente do gênero, quando somam e querem construir algo junto, temos que apoiar. Por isso, todos aqueles que buscarem a minha casa, vão ter de mim uma palavra apoio”, completa o avô.
Por isso o pedido para que o avô dissesse algumas palavras durante o casamento foi atendido, e sem receios. Em uma cerimônia simples e para poucos convidados, o avô trouxe à tona o respeito e a mensagem para outros casais que sofrem ao colocar fim em qualquer segredo e, na maioria das vezes, vivem um passo sem volta na conversa franca com quem ainda não aceitou a diversidade.
“Como entre os convidados tinham héteros e homossexuais, eu quis falar para aquelas pessoas sobre estamos tentando constituir um mundo diante das diferenças da humanidade. E o verdadeiro amor é o que compreende e que traz a serenidade”, explica o aposentados.
Entre um café e outro, um sorriso – As noivas se conheceram na faculdade, por acaso, assumem. Uma faz Enfermagem, outra está prestes a completar o curso de Engenharia Mecânica e nunca tinham se visto nos corredores. “Um dia saí da sala e vi ela de longe, fui pedir um isqueiro emprestado. Ela estava tomando café e me ofereceu, mas na pressa não aceitei”, lembra uma delas.
Em duas semanas começaram a namorar e enfermeira passou pela maior dificuldade, de romper com os “padrões” e assumir para a família tudo o que sentia. “Eu já tive relacionamentos com mulheres, mas nunca havia assumido por medo da família e colegas de trabalho, mas com ela foi tudo diferente”.
O começo não foi nada fácil. Julgamentos e algumas pessoas queridas até hoje não falam comigo, mas decidi me libertar de todas as mágoas e passar por cima de muito preconceito para ser feliz com quem amo”.
Após dois anos vivendo juntas, o casal sentiu que era o momento certo de oficializar a união. Na companhia de amigos, familiares e o filho pequeno que fez questão de permanecer cada minuto ao lado da mãe e da madrasta no altar. “O relacionamento dela com meu filho, desde o início, foi lindo, algo puro e sincero. Hoje, somos uma família que se ama e cuida um do outro”.