Noivo não espera o altar e arma surpresa de amor ao longo do trajeto de hospital
Estrada do São Julião foi tomada de balões, botões de rosa e dizeres de um homem apaixonado
Em tempos difíceis para o amor, há quem não espere o altar para se declarar. Na véspera do "sim", João Luiz nem precisava, mas quis reforçar o sentimento antes dos votos e ao longo do caminho para o trabalho, a noiva percebeu, em pequenos gestos que valeu a pena esperar e acreditar.
Na manhã desta quinta-feira, o trajeto da entrada até a porta do Hospital São Julião, em Campo Grande, foi tomado pelo amor em forma de corações cartazes e flores. A cada "parada" do carro, Patrícia, a noiva, recebia uma das homenagens. E ao chegar no destino final, viu toda história dos dois passar diante de si, com a trilha sonora cantada e tocada pelo noivo.
Foi João quem procurou o Lado B e fez o convite para registrarmos. "Hoje as pessoas não estão acreditando muito no amor, acham que não se pode mais fazer surpresas e eu acredito que o amor seja isso: detalhes, surpresas todos os dias e eu quero mostrar pra ela que todo dia vai ser uma coisa nova", explica o administrador João Luiz Gomes Brandão, de 33 anos.
O casamento será já nesta quinta-feira, na igreja e também com uma recepção para familiares e amigos. Mas ontem, ele já arrastou a sogra e a cunhada, a mãe, o irmão, sobrinhos e amigos para a surpresa.
Cada um segurou uma folha sulfite com declarações e ficaram em pontos localizados ao longo da estrada com um botão de rosa. Fisioterapeuta, Patrícia é residente no hospital e chegou de carona com uma amiga. A surpresa, foi total.
A história do casal começou há três anos, quando eles se conheceram na igreja, em grupos de oração e de trabalhos. Um ano atrás, ficaram noivos e agora estão na contagem regressiva para o altar.
"Ela não está nem sonhando com isso e está bem ansiosa. Todo dia, quando falo alguma coisa, ela já vem: 'ai mãe, pelo amor de Deus, ainda falta isso?'" reproduz a mãe de Patrícia, a vendedora Marinês Andrade de Morais, de 50 anos. O nervosismo da filha não tira o sorriso dela, que encara o casamento como um presente. "Não estou perdendo uma filha e sim ganhando um filho, sabendo que ela está e vai ser muito feliz", diz.
Marinês foi quem recebeu a filha, na entrada. E depois, os parentes e até o Lado B se espalhou pelo caminho. "É isso que eu quero mostrar pra ela, que todo dia vai ser um momento de se surpreender com o amor, que eu vou cuidar dela. As frases falam um pouco disso, que ela é um presente de Deus para mim", frisa João.
"Aguenta coração", "Valeu a pena esperar" e "Meu presente de Deus", eram uma das frases. E no violão, a canção tocada foi "Quando Deus criou você", de Leonardo Gonçalves. Entre lágrimas e sorrisos, Patrícia não sabia nem como agradecer.
"Não tinha ideia mesmo. Ele me falou só que viria a menina do vídeo do casamento para acompanhar meu trabalho. Levei um susto quando vi minha mãe", conta Patrícia de Morais Ferreira, de 24 anos.
Quando ela viu a mãe, já começou a procurar pelo noivo no caminho. "O que eu entendo disso? É que quando se ama, quer fazer de tudo para demonstrar. A gente acredita que o amor está nos pequenos detalhes e num mundo que está tão desacreditado, é possível viver esse sonho", descreve a noiva.
Cada placa a emocionava e quando o carro chegou mais perto de onde João estava, o coração dele deu apenas uma prévia do que será o sentimento no altar. "A hora que eu vi, meu coração disparou. Ela chegou... Fiquei imaginando no altar. A gente corre tanto na vida, faz tanta loucura, o que quisemos foi envolver a família e os amigos nesse sentimento de amor", resume o noivo.